São Paulo, sábado, 26 de agosto de 2006

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EUA pedem que Argentina não passe tecnologia

BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES

Os EUA disseram ontem apoiar a decisão do governo argentino de seguir com seu programa nuclear localmente, mas, ao mesmo tempo, enviaram um recado sutil ao presidente Néstor Kirchner: afirmaram esperar que a Argentina não repasse a tecnologia do enriquecimento de urânio a outros países.
Na Argentina, a declaração foi entendida como uma referência à Venezuela do presidente Hugo Chávez, com quem o país estreita suas relações também na área nuclear. Em 2005, Chávez chegou a manifestar o interesse em comprar um reator de baixa potência argentino.
"Esperamos que, ao aprofundar seu programa civil de energia nuclear, a Argentina se certifique de que suas ações correspondam aos sólidos compromissos de não-proliferação que tem demonstrado até agora", afirma nota divulgada ontem pela embaixada norte-americana em Buenos Aires.
O governo argentino respondeu: "Os EUA podem ficar tranqüilos. A posição original e a vocação política da Argentina sempre foram respeitar os princípios da não-proliferação", de acordo com a declaração divulgada pela Chancelaria.
Na última quarta-feira, a Argentina anunciou um plano nuclear para os próximos oito anos, com investimentos de cerca de US$ 3,5 bilhões para colocar duas novas usinas nucleares em funcionamento e reativar uma antiga indústria para retomar o processo de enriquecimento de urânio interrompido na década de 80.
A Argentina é um dos dez países do mundo que, de acordo com os EUA, dominam completamente a tecnologia de enriquecer urânio, com uma indústria instalada, e não quer perder esta condição. "A Argentina é um forte aliado internacional em temas de não-proliferação e um sócio cooperador na perseguição do uso pacífico", diz a nota americana.

Chávez
Ontem, na China, Hugo Chávez criticou Washington pela oposição à candidatura da Venezuela a uma vaga temporária no Conselho de Segurança da ONU e condenou os ataques de Israel no território libanês, comparando-os a ações do nazista Adolf Hitler.
"Israel está fazendo hoje o mesmo que Hitler fez", afirmou. "Manifesto minha solidariedade ao povo árabe."
O presidente venezuelano disse ainda que deseja fortalecer os laços com a China, que endossou a candidatura da Venezuela para o CS. Os EUA apóiam a Guatemala.
Anteontem, Chávez assinou um acordo que amplia a venda de petróleo venezuelano ao país asiático em quase três vezes.


Com agências internacionais

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