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"Elefantes" do PS francês enfrentam Ségolène Royal
Em convenção, dirigentes tradicionais tentam minar popularidade da pré-candidata
Socialistas, que ficaram em terceiro lugar em 2002, se preparam para escolha de candidato à sucessão do presidente Jacques Chirac
DA REDAÇÃO
A guerra dos "elefantes" contra "a Tony Blair francesa". Assim a mídia internacional descreveu o início ontem da convenção de três dias do Partido
Socialista francês, em La Rochelle, na ante-sala da escolha
do candidato oficial da oposição para as eleições presidenciais de 2007.
Os "elefantes" são os pelo
menos cinco representantes da
velha guarda socialista que se
apresentaram extra-oficialmente como pré-candidatos e
que abriram uma campanha
para desqualificar a candidatura da favorita segundo as pesquisas, Ségolène Royal, 52, presidente (governadora) da região de Poitou-Charentes.
Analistas políticos dizem que
a tensa disputa interna será decisiva para definir os rumos da
esquerda francesa: se pela "modernização" ou se pela aposta
em um candidato mais tradicional, como apontou o jornal
britânico "Financial Times".
Para os "elefantes" -entre
eles dois ex-premiês, Laurent
Fabius e Lionel Jospin - é a última chance de obter apoio para postular oficialmente suas
candidaturas até 3 de outubro.
Em novembro, ocorrem as primárias do partido.
Show
Os candidatos fizeram um
show simbólico de unidade ontem em La Rochelle quando
quatro deles, incluindo Royal e
os ex-ministros Jack Lang e
Dominique Strauss-Khan, se
espremeram em uma varanda
para saudar os correligionários.
"Não há adversários dentro
do Partido Socialista. Há apenas um adversário: a direita",
disse o primeiro-secretário
François Hollande, marido de
Royal e pai de seus quatro filhos. "Não sei quem estará nessa varanda no ano que vem. O
que importa é que um de nós
entre no palácio presidencial".
O detalhe é que o próprio Hollande deixou aberta a possibilidade de entrar na disputa.
"Decidirei no momento certo
se serei candidato ou não. Hoje,
todas as hipóteses estão abertas", disse em entrevista ao diário "Le Monde".
Sobre a mulher, falou: "Não
tenho, neste estágio, de encorajar ou apoiar a quem quer que
seja. Constato, como muitos,
que ela conta na opinião dos
franceses". E acrescentou:
"Não aceito que as pessoas sejam desqualificadas ou desvalorizadas".
De acordo com uma pesquisa
divulgada ontem pelo diário
"Liberatión", 66% dos simpatizantes socialistas querem que
Royal seja a candidata do partido. Strauss-Kahn aparece em
segundo, com 35%, seguido por
Jospin, com 27%.
Porém, entre eleitores da esquerda em geral, o apoio a Royal caiu de 62% em junho para
55% em agosto.
Liberalização
O principal argumento da velha guarda contra Royal é de
que ela pretende "liberalizar" a
plataforma socialista, a exemplo do que fez o premiê Tony
Blair com o Trabalhismo britânico -que ela abertamente diz
admirar.
Dizem ainda que ela é fraca
para competir com o candidato
peso-pesado conservador, o
ministro do Interior, Nicolas
Sarkozy, e chamam-na de inexperiente, vazia e um "produto
da mídia".
Ontem, em La Rochelle, Royal fez um apelo pela unidade
do partido. "Críticas entre socialistas estão atingindo o Partido Socialista e deixando nossos membros infelizes", disse.
O mesmo apelo foi feito pelo
porta-voz do partido, Julien
Dray: "Se esse enfrentamento
se tornar uma guerra fratricida,
se as feridas causadas forem incuráveis, corremos o risco de
recriar as condições da derrota
de 2002", alertou.
Naquele ano, Jospin foi derrotado no primeiro turno pelo
atual presidente, Jacques Chirac, e pelo candidato da extrema-direita Jean-Marie Le Pen,
com magros 17%.
Com agências internacionais
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