São Paulo, sábado, 26 de agosto de 2006

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"Elefantes" do PS francês enfrentam Ségolène Royal

Em convenção, dirigentes tradicionais tentam minar popularidade da pré-candidata

Socialistas, que ficaram em terceiro lugar em 2002, se preparam para escolha de candidato à sucessão do presidente Jacques Chirac


DA REDAÇÃO

A guerra dos "elefantes" contra "a Tony Blair francesa". Assim a mídia internacional descreveu o início ontem da convenção de três dias do Partido Socialista francês, em La Rochelle, na ante-sala da escolha do candidato oficial da oposição para as eleições presidenciais de 2007.
Os "elefantes" são os pelo menos cinco representantes da velha guarda socialista que se apresentaram extra-oficialmente como pré-candidatos e que abriram uma campanha para desqualificar a candidatura da favorita segundo as pesquisas, Ségolène Royal, 52, presidente (governadora) da região de Poitou-Charentes.
Analistas políticos dizem que a tensa disputa interna será decisiva para definir os rumos da esquerda francesa: se pela "modernização" ou se pela aposta em um candidato mais tradicional, como apontou o jornal britânico "Financial Times".
Para os "elefantes" -entre eles dois ex-premiês, Laurent Fabius e Lionel Jospin - é a última chance de obter apoio para postular oficialmente suas candidaturas até 3 de outubro. Em novembro, ocorrem as primárias do partido.

Show
Os candidatos fizeram um show simbólico de unidade ontem em La Rochelle quando quatro deles, incluindo Royal e os ex-ministros Jack Lang e Dominique Strauss-Khan, se espremeram em uma varanda para saudar os correligionários.
"Não há adversários dentro do Partido Socialista. Há apenas um adversário: a direita", disse o primeiro-secretário François Hollande, marido de Royal e pai de seus quatro filhos. "Não sei quem estará nessa varanda no ano que vem. O que importa é que um de nós entre no palácio presidencial".
O detalhe é que o próprio Hollande deixou aberta a possibilidade de entrar na disputa. "Decidirei no momento certo se serei candidato ou não. Hoje, todas as hipóteses estão abertas", disse em entrevista ao diário "Le Monde".
Sobre a mulher, falou: "Não tenho, neste estágio, de encorajar ou apoiar a quem quer que seja. Constato, como muitos, que ela conta na opinião dos franceses". E acrescentou: "Não aceito que as pessoas sejam desqualificadas ou desvalorizadas".
De acordo com uma pesquisa divulgada ontem pelo diário "Liberatión", 66% dos simpatizantes socialistas querem que Royal seja a candidata do partido. Strauss-Kahn aparece em segundo, com 35%, seguido por Jospin, com 27%.
Porém, entre eleitores da esquerda em geral, o apoio a Royal caiu de 62% em junho para 55% em agosto.

Liberalização
O principal argumento da velha guarda contra Royal é de que ela pretende "liberalizar" a plataforma socialista, a exemplo do que fez o premiê Tony Blair com o Trabalhismo britânico -que ela abertamente diz admirar.
Dizem ainda que ela é fraca para competir com o candidato peso-pesado conservador, o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, e chamam-na de inexperiente, vazia e um "produto da mídia".
Ontem, em La Rochelle, Royal fez um apelo pela unidade do partido. "Críticas entre socialistas estão atingindo o Partido Socialista e deixando nossos membros infelizes", disse.
O mesmo apelo foi feito pelo porta-voz do partido, Julien Dray: "Se esse enfrentamento se tornar uma guerra fratricida, se as feridas causadas forem incuráveis, corremos o risco de recriar as condições da derrota de 2002", alertou.
Naquele ano, Jospin foi derrotado no primeiro turno pelo atual presidente, Jacques Chirac, e pelo candidato da extrema-direita Jean-Marie Le Pen, com magros 17%.


Com agências internacionais

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