São Paulo, domingo, 26 de agosto de 2007

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Cidade une mesquita e McDonald's

DO ENVIADO A MICHIGAN

Assim que desembarcaram no aeroporto de Detroit, os seis refugiados iraquianos sabiam o que tinham de fazer: os cinco cristãos iriam para um dos subúrbios ao norte da capital, como Sterling Heights, Farmington Hills e outros; o muçulmano iria para Dearborn, ao sul.
Cidade natal de Henry Ford, o fundador da montadora e inventor do primeiro carro popular da história, Dearborn é considerada a "capital árabe dos EUA". Numericamente há mais árabes em outras regiões, como Nova York; em termos de porcentagem da população, não. Dos 100 mil habitantes, 30% são muçulmanos, tanto xiitas como sunitas.
Mesmo que ignore as cifras, o visitante saberá na hora. Na porta da cidade fica a maior mesquita dos EUA, com dois minaretes e três domos, verde e dourada. Talvez seja o único lugar em que o americano sai do McDonald's e ouve o muezim chamando para o magreb, uma das cinco orações muçulmanas do dia, a do crepúsculo.
Na parte residencial, vidros das salas são enfeitados com "Happy ramadan!", referência ao feriado islâmico, ao lado de bandeiras americanas. Na Warren, principal rua comercial, um fast food avisa que os hambúrgueres são "halal", preparados sob as regras muçulmanas.
Uma placa no estacionamento da segunda mesquita (mais antiga; a nova custou US$ 13 milhões) avisa: "Vaga exclusiva do imã". Mulheres de burca levam os filhos ao Centro de Aprendizado Islâmico. Que fica a passos de um cartaz das Forças Armadas dos EUA que oferece "salários de até US$ 186,5 mil por ano" (R$ 31 mil por mês) para quem quiser ser tradutor e intérprete de árabe para "a operação do Exército no Iraque".
O outdoor fica em frente a uma funerária. Que avisa: "Enviamos caixões para o Oriente Médio". "As brigas não viajam até aqui", diz Joseph Kassab. (SD)


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