São Paulo, sexta-feira, 26 de agosto de 2011

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DIÁRIO DE TRÍPOLI

Hotel de luxo tem buracos de bala na varanda

DOS ENVIADOS A TRÍPOLI

O dia começou com baratas gigantes saindo do carpete do quartinho onde dormíamos e terminou no conforto de um hotel luxuoso, mas sem comida.
A maior parte do tempo entre a manhã e a noite foi desperdiçada numa fila caótica para conseguir o quarto que passa a ser nossa residência em Trípoli.
Nós passamos a última noite numa casa abandonada em Zawiya, 50 km a oeste de Trípoli, depois que líderes rebeldes nos expulsaram da residência da refinaria de petróleo da cidade.
As baratas surgiram quando fechávamos nossas bagagens para ir embora, às 8h. A estrada estava totalmente deserta quando ouvimos um disparo, seguido de um zumbido e de um estalo seco de impacto. Ao que tudo indica, um franco-atirador na beira da estrada tentou nos atingir.
Eram 11h da manhã quando nos inscrevemos na lista de espera do Hotel Radisson Blu, reaberto na véspera para acomodar jornalistas vindos do mundo todo para cobrir a guerra.
Conseguimos uma chave às 18h, após reiteradas discussões com os funcionários. O quarto, no 15º andar e com vista incrível para o Mediterrâneo, é limpo e espaçoso. Mas a parede da varanda tem dois buracos de bala. Farelo de tinta no chão prova que são recentes.
(Ops, acaba de ecoar no céu da capital a maior explosão que já ouvimos desde nossa chegada na Líbia, na segunda-feira). O restaurante do hotel não foi reaberto por dificuldade de abastecimento. Jantaremos, mais uma vez, biscoitos e atum.
(SAMY ADGHIRNI e APU GOMES)


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