São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Conferência, sugerida por Rússia e França e pelo democrata John Kerry, poderá acontecer em outubro

EUA cedem e acatam reunião multilateral

DA REDAÇÃO

A menos de seis semanas das eleições presidenciais norte-americanas, o secretário de Estado, Colin Powell, encampou a sugestão feita em 2003 pela Rússia e pela França -e mais recentemente pelo candidato democrata John Kerry- de convocar uma conferência multilateral sobre o Iraque.
O encontro, sugeriu Powell em entrevista ao "New York Times", poderá ocorrer no Cairo (Egito), ainda em outubro. Devem participar dele os países da região (entre eles Síria e Irã), uma idéia do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que os EUA antes haviam rejeitado. A reviravolta de Washington ocorre em meio à contestação da legitimidade e da viabilidade das eleições legislativas que, sob pressão dos EUA, o Iraque marcou para janeiro.
Na entrevista ao "NYT", Powell dá a paternidade da conferência às autoridades iraquianas e diz que dela participariam todas as correntes internas daquele país e mais os países do G-8 -a Rússia e os sete mais industrializados.
As eleições no Iraque foram objeto de divergências dentro do governo dos EUA. O número dois do Departamento de Estado, Richard Armitage, disse anteontem que o pleito ocorreria em todo o país. Na véspera, porém, o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, dissera que se limitaria a regiões não atingidas por violência.
O ministro francês do Exterior, Michel Barnier, concordou com o plano da conferência e disse que ele se definiria por "uma dupla inclusão": a das correntes internas do Iraque e a dos países da região.
Powell e Barnier jantaram anteontem em Nova York, onde participam da Assembléia Geral da ONU. Além da Síria, que anunciou há dias a retirada de parte de suas tropas do Líbano, e do G-8, o encontro incluiria Egito, Jordânia, Turquia, Arábia Saudita, Irã e Kuait.
O premiê interino iraquiano, Iyad Allawi, lançou anteontem na ONU um apelo para que a comunidade internacional o auxiliasse a "vencer as forças terroristas" e a construir um futuro melhor para a população do país.

Condenação
O soldado americano Federico Merida foi condenado ontem a 25 anos de prisão por matar em maio um membro da Guarda Nacional Iraquiana, por decisão de uma corte marcial em Tikrit (ao norte de Bagdá), segundo informou o Exército americano.
Aviões, tanques e a artilharia pesada dos EUA bombardearam ontem posições de forças insurgentes em Fallujah, matando ao menos 15 pessoas e ferindo 33.
Porta-vozes americanos disseram que tomaram como alvo posições controladas por combatentes islâmicos ligados ao jordaniano Abu Musab al Zarqawi, considerado pelos EUA como o representante no Iraque da Al Qaeda.
Em Bagdá, terroristas abriram fogo contra um comboio da Guarda Nacional Iraquiana e mataram seis policiais. Os EUA anunciaram a morte de quatro de seus soldados em três incidentes distintos, ocorridos na sexta-feira.

Promessa de Bush
Reagindo às críticas de seu adversário democrata, John Kerry, o presidente George W. Bush anunciou ontem, em mensagem radiofônica, investimentos no Iraque de até US$ 9 bilhões para a reconstrução de escolas, hospitais e malha rodoviária.


Com agências internacionais


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