São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2008

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Motlanthe é o presidente da África do Sul

Em mandato-tampão, ele mantém o ministro da Economia e afasta a responsável pelo combate à Aids

DA REDAÇÃO

Kgalema Motlanthe, 59, ex-guerrilheiro, ex-prisioneiro político e líder sindical, foi eleito ontem para o mandato-tampão de presidente da África do Sul em substituição a Thabo Mbeki, levado a renunciar no sábado pela direção de seu partido, o CNA (Congresso Nacional Africano).
Motlanthe obteve 269 votos contra 50, dados a Joe Seremane, da Aliança Democrática, um dos partidos da oposição.
O presidente interino, que é também vice-presidente do CNA, governará ao menos até abril, quando, com as eleições legislativas, um novo colégio eleitoral de deputados e senadores escolherá o quarto presidente do país após o fim, há 14 anos, do regime do apartheid.
O CNA já designou como candidato Jacob Zuma, presidente da sigla e desafeto de Mbeki, cuja operação de afastamento comandou. Acusações de corrupção contra ele foram recentemente anuladas devido a um problema de procedimento, mas podem ser reativadas caso a Promotoria recorra.
Motlanthe, em seu primeiro discurso como presidente, disse que continuaria a trabalhar com a meta de erradicar a pobreza e o desemprego em 2014. Afirmou também que manteria a política econômica de seu antecessor, responsável pela ortodoxia fiscal e, na última década, por taxas anuais de crescimento superiores a 5%.
Trevor Manuel, ministro das Finanças do governo anterior que havia se demitido em solidariedade a Mbeki, aceitou ser reconduzido ao cargo, o que tranqüilizou o mercado e provocou uma alta da moeda local.
O novo presidente afastou a controvertida ministra da Saúde, Manto Tshabalala-Msimang, que desprestigiava os medicamentos anti-retrovirais para o combate à Aids -o país registra uma das maiores incidências- e pregava terapias naturais, à base de raízes de beterraba, alho, limão e azeite. Ela permanece no governo, mas como ministra sem pasta, ligada à Presidência.
Na eleição de ontem -os presidentes são sempre eleitos pelo Parlamento-, 41 congressistas anularam seus votos. Foram provavelmente os partidários mais exaltados de Mbeki, o que demonstra a persistência de divisão no partido oficial.
O jornal "The Sowetan" disse que líderes regionais do CNA discutem deixar o partido para formar uma nova sigla. Segundo informante ouvido pelo "Financial Times", de Londres, essa possibilidade "é bem séria".


Com agências internacionais


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