|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Zelaystas tomam controle total de missão brasileira
DO ENVIADO A TEGUCIGALPA
Teoricamente território brasileiro, a embaixada do país em
Honduras está praticamente
sob a administração de Manuel
Zelaya e de seus seguidores.
São eles que têm a chave do
portão de entrada, que controlam o acesso às salas onde está
o presidente deposto e que determinam a função de quase todos os cômodos da casa.
Para entrar na embaixada,
instalada numa ampla casa de
dois pisos, a reportagem da Folha foi escoltada até a entrada
por um policial. Ali, entregou o
passaporte a um dos militantes
que, com o rosto coberto por
lenços, vigiavam de cima de
uma laje. Cerca de cinco minutos depois, outro militante devolveu o passaporte e afirmou
que a entrada "não estava autorizada no momento".
Depois da insistência do repórter em afirmar que era cidadão brasileiro e de uma consulta ao encarregado de negócios,
Francisco Catunda, a porta foi
finalmente aberta.
Dentro, uma mulher hondurenha que não quis se identificar disse que "era a encarregada de segurança" e novamente
requisitou o passaporte.
No quintal, em meio ao cheiro de gás, militantes e até um
jornalista subiam em duas escadas para insultar policiais
que ocupam as casas vizinhas.
"Eu estou no Brasil, vocês estão em Honduras", gritava aos
policiais, em tom irônico, o
americano Andrés Conteris, do
site esquerdista "Democracy
Now", um dos jornalistas que
estão dormindo na embaixada:
estão ali uma equipe da Telesur, canal controlado pelo governo Hugo Chávez, três agências de notícias, uma TV salvadorenha e a rádio hondurenha
Globo, pró-Zelaya.
Quase ninguém respeita a
orientação de Catunda de não
insultar policiais e de não andar
com o rosto encoberto.
"Vocês não podem aceitar a
provocação e reagir. Eu entendo o entusiasmo, mas não podem", disse Catunda a dois militantes. A resposta de um deles
foi a gritos: "Mas esses policiais
são assassinos, matam a nossa
gente nas ruas!".
A conversa se deu numa sala
que se transformou numa espécie de escritório de Zelaya. A
entrada é controlada por um
militante ao lado de um aviso,
pregado na parede: "Área reservada. Favor não entrar".
Outro momento tenso entre
Catunda e os militantes foi na
hora de montar a mesa para a
entrevista coletiva: militantes
de Zelaya tiraram a bandeira
brasileira e a foto do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva da sala
do embaixador e as dependuraram atrás da mesa onde o presidente deposto se sentaria.
Catunda ordenou que os dois
objetos fossem devolvidos imediatamente ao escritório. Os
militantes concordaram. No lugar da foto de Lula, colocaram
um quadro de propaganda turística do Brasil.
(FM)
Texto Anterior: Embaixada em Honduras é atacada com gás Próximo Texto: "Não cogitamos tocar na embaixada" Índice
|