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Lula diz que não vai responder a "cretinice dita por golpista"
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PITTSBURGH
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recusou-se ontem a
responder aos ataques feitos
anteontem, em nota oficial, pelo presidente golpista de Honduras, Roberto Micheletti: "Até
por respeito a mim, não vou comentar uma cretinice dita por
um golpista", afirmou, em entrevista coletiva após o encerramento da cúpula do G20.
Lula parecia estar respondendo mais às críticas feitas no
Brasil ao comportamento de
seu governo em todo o episódio
do que a Micheletti.
"Fico triste quando ouço perguntas como se o Zelaya [o presidente deposto Manuel Zelaya] fosse o culpado por ser o
presidente legítimo e querer
voltar a seu país, como se os
golpistas fossem inocentes."
Erguendo a voz, foi encadeando uma frase na outra sem
respirar: "Golpista não tem
meia palavra [para designá-los]. É golpista. Tirou um presidente eleito pela via democrática, colocou em outro país e é
normal?"
Para Lula, o "anormal" não é
o fato de Zelaya ter se alojado
na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. "Anormal é o tal de
Micheletti ter ficado [no poder]", em alusão ao fato de que
a condenação ao golpe "não é
uma posição do Brasil, é uma
posição do mundo inteiro".
Insistiu depois em que "só
tem uma situação anormal em
Honduras e que não podemos
aceitar: é o golpe de Estado. Já
vivemos isso no Brasil".
Eleição
O presidente aproveitou o
embalo para repetir a conhecida posição brasileira de não
aceitar um processo eleitoral
conduzido pelos golpistas. Se o
pleito não for presidido por
Manuel Zelaya, o Brasil "vai
manter as mesmas reservas"
aplicadas em relação ao governo surgido do golpe.
Lula disse que Zelaya pode ficar no embaixada "o tempo que
for necessário" para assegurar
a sua segurança.
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