|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Chávez contraria Marrocos e esvazia cúpula na Venezuela
Presença de separatistas faz Rabat enviar 4º escalão a encontro América do Sul-África
Decisão contraria governo Lula, que vê marroquinos como parceiros importantes; Venezuela apoia pleito de militantes da Frente Polisário
SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL
LUÍS FERRARI
EDITOR-ADJUNTO DE MUNDO
Irritado com o convite feito
pela Venezuela de Hugo Chávez ao grupo independentista
Polisário, o Marrocos enviou
um representante de quarto escalão à 2ª cúpula América do
Sul-África (ASA), que começa
hoje na ilha Margarita.
O caso contrariou o governo
brasileiro, que vê no Marrocos
um crescente parceiro comercial e um aliado importante na
aproximação com o mundo
árabe e muçulmano.
O Marrocos, que rompeu relações com Caracas no ano passado por causa do apoio ao Polisário, esteve desde o início relutante à ideia de Chávez assumir
a segunda edição da ASA -a
primeira, na cidade de Abuja
em 2006, foi orquestrada pela
Nigéria e copatrocinada por
Luiz Inácio Lula da Silva.
Em vez de ir pessoalmente, o
rei Mohamed 6º planejava enviar à Venezuela o premiê Abbas El Fassi -em 2006 mandara o chanceler. Ao saber que os
saarauis terão uma delegação,
Rabat preferiu despachar a vice-chanceler Latifa Akharbach.
Sem poder interferir na organização da cúpula, que cabe integralmente ao país anfitrião, o
Brasil tentou até os últimos
dias encontrar uma solução para conciliar as presenças marroquina e saaraui na cúpula.
O Itamaraty chegou a sugerir
que os representantes do Polisário tivessem um status de
"observadores não identificados", mas Caracas não quis se
comprometer com o tema.
Chávez é um dos principais
defensores da Frente Polisário,
que milita pela criação da República Árabe Saaraui Democrática (RASD) numa região do
litoral oeste-africano da qual a
Espanha saiu às pressas, em
1975, e que o Marrocos considera seu território desde então.
Enquanto o impasse não se
resolve nessa região rica em
fosfato e cujo litoral é um dos
mais abundantes do mundo em
pescado, a ONU mantém tropas no setor para evitar um
conflito entre o Marrocos e a
Frente Polisário, que tem apoio
militar da vizinha Argélia.
Ao contrário do Brasil, a Venezuela é um dos cerca de 70
países que reconhecem a
RASD. Caracas encara todos os
foros multilaterais como plataforma para a chamada causa
saaraui. Na semana passada,
Chávez pediu que o mundo
"não se esqueça" dos saarauis.
Diplomatas brasileiros temem agora que a comitiva marroquina tente atrapalhar deliberadamente os esforços para
chegar a uma declaração final.
De cunho essencialmente
político, a cúpula na ilha Margarita terá a participação de vários líderes críticos das grandes
potências, como o boliviano
Evo Morales, o líbio Muammar
Gaddafi e o ditador do Zimbábue, Robert Mugabe.
Texto Anterior: Partido de Merkel intensifica campanha nos últimos dias Próximo Texto: Relação bilateral: Em Nova York, Equador e Colômbia retomam diálogo Índice
|