São Paulo, sábado, 26 de setembro de 2009

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Partido de Merkel intensifica campanha nos últimos dias

Alemanha elege novo Parlamento amanhã; chanceler tenta garantir coalizão própria

Entre os rivais do SPD, o clima é sombrio; o chefe da campanha reconhece que o partido fracassou ao tentar construir imagem própria


CAROLINA VILA-NOVA
ENVIADA ESPECIAL À ALEMANHA

A campanha da chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, apostou na estratégia de concentrar uma parcela significativa de seus recursos financeiros e publicitários nas últimas duas semanas da eleição de amanhã, para quebrar a apatia do eleitores.
A decisão tem por base pesquisas desta eleição e de anteriores, que indicam a tendência do eleitorado a se decidir no último momento -25% escolhe seus candidatos até três dias da votação e outros 15%, na urna. "Decidimos começar a campanha mais tarde e demos um "sprint" final nos últimos dias", explica Klaus Schüler, chefe da campanha da CDU (União Cristã Democrata), de Merkel.
Segundo ele, 70% de um orçamento total de 20 milhões foi concentrado nos 14 dias finais de campanha. A votação é amanhã. Tudo indica que Merkel derrotará seu adversário, o social-democrata Frank-Walter Steinmeier, atual ministro das Relações Exteriores, com uns dez pontos de vantagem. Porém, uma coalizão com seu parceiro preferencial, o Partido Democrata Liberal (FDP), não teria maioria segundo pesquisas recentes. Assim, há a possibilidade de uma reedição da atual grande coalizão entre a CDU e o Partido Social Democrata (SPD).
A ofensiva democrata-cristã incluiu a veiculação de 210 spots publicitários na TV. Um deles mostra uma Merkel a um só tempo popular -que vibra com um gol da equipe alemã de futebol e é reconhecida por criancinhas - e líder no centro de decisões internacionais.
Em sua própria narração, faz uma das poucas menções nesta campanha à queda do Muro de Berlim (que completa 20 anos em novembro), num apelo à unidade do país em torno de sua figura. "Não nasci chanceler. Mas então veio um dos momentos mais felizes do país: a reunificação. E eu quis servir à Alemanha", afirma Merkel.

SPD falha
Do lado do SPD, principal partido de oposição, o clima é um tanto mais sombrio. O chefe da campanha social-democrata, Andreas Helle, reconhece que o partido falhou ao não conseguir construir uma imagem própria após quatro anos em um governo de coalizão. "Queremos deixar claro que há duas alternativas, mas não conseguimos até agora, e o SPD passa por um momento muito difícil", afirma.
Uma dificuldade, segundo ele, é justamente o fato de a campanha adversária "só falar de Merkel". "Os meios de comunicação estão promovendo os antipolíticos. Merkel é esse tipo de político", diz Helle. Ele relata comício recente em que a chanceler "passou meia hora" dando receita de bolo e contando como dividia as tarefas domésticas com o marido. "Na outra meia hora, disse o de sempre, que é preciso trabalhar e não debater."

A jornalista CAROLINA VILA-NOVA viajou a convite do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha



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