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Partido de Merkel intensifica campanha nos últimos dias
Alemanha elege novo Parlamento amanhã; chanceler tenta garantir coalizão própria
Entre os rivais do SPD, o clima é sombrio; o chefe da campanha reconhece que o partido fracassou ao tentar construir imagem própria
CAROLINA VILA-NOVA
ENVIADA ESPECIAL À ALEMANHA
A campanha da chanceler
(premiê) alemã, Angela Merkel, apostou na estratégia de
concentrar uma parcela significativa de seus recursos financeiros e publicitários nas últimas duas semanas da eleição de
amanhã, para quebrar a apatia
do eleitores.
A decisão tem por base pesquisas desta eleição e de anteriores, que indicam a tendência
do eleitorado a se decidir no último momento -25% escolhe
seus candidatos até três dias da
votação e outros 15%, na urna.
"Decidimos começar a campanha mais tarde e demos um
"sprint" final nos últimos dias",
explica Klaus Schüler, chefe da
campanha da CDU (União
Cristã Democrata), de Merkel.
Segundo ele, 70% de um orçamento total de 20 milhões
foi concentrado nos 14 dias finais de campanha.
A votação é amanhã. Tudo
indica que Merkel derrotará
seu adversário, o social-democrata Frank-Walter Steinmeier, atual ministro das Relações Exteriores, com uns dez
pontos de vantagem.
Porém, uma coalizão com
seu parceiro preferencial, o
Partido Democrata Liberal
(FDP), não teria maioria segundo pesquisas recentes. Assim, há a possibilidade de uma
reedição da atual grande coalizão entre a CDU e o Partido Social Democrata (SPD).
A ofensiva democrata-cristã
incluiu a veiculação de 210
spots publicitários na TV. Um
deles mostra uma Merkel a um
só tempo popular -que vibra
com um gol da equipe alemã de
futebol e é reconhecida por
criancinhas - e líder no centro
de decisões internacionais.
Em sua própria narração, faz
uma das poucas menções nesta
campanha à queda do Muro de
Berlim (que completa 20 anos
em novembro), num apelo à
unidade do país em torno de
sua figura. "Não nasci chanceler. Mas então veio um dos momentos mais felizes do país: a
reunificação. E eu quis servir à
Alemanha", afirma Merkel.
SPD falha
Do lado do SPD, principal
partido de oposição, o clima é
um tanto mais sombrio. O chefe da campanha social-democrata, Andreas Helle, reconhece que o partido falhou ao não
conseguir construir uma imagem própria após quatro anos
em um governo de coalizão.
"Queremos deixar claro que
há duas alternativas, mas não
conseguimos até agora, e o SPD
passa por um momento muito
difícil", afirma.
Uma dificuldade, segundo
ele, é justamente o fato de a
campanha adversária "só falar
de Merkel". "Os meios de comunicação estão promovendo
os antipolíticos. Merkel é esse
tipo de político", diz Helle.
Ele relata comício recente
em que a chanceler "passou
meia hora" dando receita de
bolo e contando como dividia
as tarefas domésticas com o
marido. "Na outra meia hora,
disse o de sempre, que é preciso
trabalhar e não debater."
A jornalista CAROLINA VILA-NOVA viajou a
convite do Ministério das Relações Exteriores
da Alemanha
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