São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2010

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Eleição define ritmo do projeto chavista

Objetivo do presidente da Venezuela é conquistar hoje dois terços da Assembleia para aprofundar socialismo

Governo deve garantir maioria, mas oposição voltará ao Parlamento após boicotar eleições legislativas anteriores

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Hugo Chávez e oposição na Venezuela concordam em ao menos dois pontos: os resultados das eleições legislativas de hoje influenciarão a velocidade das reformas rumo ao socialismo defendido pelo governo e darão a largada à corrida pela conquista da Presidência em 2012.
Mais de 17 milhões de venezuelanos estão aptos a ir às urnas para escolher 165 deputados que terão mandatos de cinco anos. Pelas projeções, Chávez, em seu 13º teste eleitoral em 11 anos, deve garantir a maioria da Casa.
A oposição voltará ao Parlamento depois de optar por boicotar o pleito de 2005. Os seus líderes buscam impedir que Chávez tenha maioria qualificada (dois terços) e sonham em barrar a maioria de três quintos, que aprova a lei habilitante -permissão de legislar por decreto.
Somente assim, afirmam, a Venezuela não adotará o "comunismo cubano".
O presidente venezuelano nega a acusação, mas não esconde que deseja renovar nas urnas a hegemonia do governo para aprofundar as mudanças socialistas.

AGENDA
O cardápio futuro não parece tão claro, mas há pelo menos uma reforma na fila: a reorganização político-territorial do país, por meio da formação das comunas, cuja lei está no Parlamento.
Economistas e analistas ouvidos pela Folha afirmam que, se Chávez ganhar maioria qualificada, também estará no horizonte maior controle do sistema bancário -o Estado controla 26% do setor.
"Mesmo com o desequilíbrio ante as vantagens e intimidações do governo, não podíamos repetir a estratégia de 2005", diz Ramón José Medina, um dos coordenadores da Mesa de Unidade, coalizão que tenta fazer frente ao chavista PSUV (Partido Socialista Unido de Venezuela).
Medina diz que votação da oposição maior ou igual à governista na contagem nacional será um freio a Chávez.
Vladimir Villegas, ex-chavista e hoje no centro-esquerdista PPT (Pátria para Todos), diz que Chávez pode "dar um passo atrás" se a oposição avançar ou pela situação econômica -cinco trimestres de recessão são acompanhados de crise energética e uma comoção social pela explosão da violência.
"Não creio que moderação esteja nos planos de Chávez. Ele fará o que julgar necessário para consolidar sua base popular rumo a 2012", afirma Leopoldo Puchi, parlamentar de 2000 a 2005 e colunista do jornal "Últimas Notícias".


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