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Eleição define ritmo do projeto chavista
Objetivo do presidente da Venezuela é conquistar hoje dois terços da Assembleia para aprofundar socialismo
Governo deve garantir maioria, mas oposição voltará ao Parlamento após boicotar eleições legislativas anteriores
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
Hugo Chávez e oposição
na Venezuela concordam em
ao menos dois pontos: os resultados das eleições legislativas de hoje influenciarão a
velocidade das reformas rumo ao socialismo defendido
pelo governo e darão a largada à corrida pela conquista
da Presidência em 2012.
Mais de 17 milhões de venezuelanos estão aptos a ir às
urnas para escolher 165 deputados que terão mandatos
de cinco anos. Pelas projeções, Chávez, em seu 13º teste eleitoral em 11 anos, deve
garantir a maioria da Casa.
A oposição voltará ao Parlamento depois de optar por
boicotar o pleito de 2005. Os
seus líderes buscam impedir
que Chávez tenha maioria
qualificada (dois terços) e sonham em barrar a maioria de
três quintos, que aprova a lei
habilitante -permissão de
legislar por decreto.
Somente assim, afirmam,
a Venezuela não adotará o
"comunismo cubano".
O presidente venezuelano
nega a acusação, mas não esconde que deseja renovar
nas urnas a hegemonia do
governo para aprofundar as
mudanças socialistas.
AGENDA
O cardápio futuro não parece tão claro, mas há pelo
menos uma reforma na fila: a
reorganização político-territorial do país, por meio da
formação das comunas, cuja
lei está no Parlamento.
Economistas e analistas
ouvidos pela Folha afirmam
que, se Chávez ganhar maioria qualificada, também estará no horizonte maior controle do sistema bancário -o Estado controla 26% do setor.
"Mesmo com o desequilíbrio ante as vantagens e intimidações do governo, não
podíamos repetir a estratégia
de 2005", diz Ramón José Medina, um dos coordenadores
da Mesa de Unidade, coalizão que tenta fazer frente ao
chavista PSUV (Partido Socialista Unido de Venezuela).
Medina diz que votação da
oposição maior ou igual à governista na contagem nacional será um freio a Chávez.
Vladimir Villegas, ex-chavista e hoje no centro-esquerdista PPT (Pátria para Todos), diz que Chávez pode
"dar um passo atrás" se a
oposição avançar ou pela situação econômica -cinco
trimestres de recessão são
acompanhados de crise energética e uma comoção social
pela explosão da violência.
"Não creio que moderação
esteja nos planos de Chávez.
Ele fará o que julgar necessário para consolidar sua base
popular rumo a 2012", afirma
Leopoldo Puchi, parlamentar de 2000 a 2005 e colunista
do jornal "Últimas Notícias".
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