São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

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RÚSSIA

Tropas acabam com sequestro de 700 pessoas por terroristas que exigiam a saída russa da Tchetchênia; total de mortos é incerto

Soldados invadem teatro e libertam reféns

Reprodução de TV/France Presse
DRAMA
TV mostra alguns terroristas e reféns no teatro (à dir., sequestradora exibe suposto pacote de explosivos amarrados à cintura)


DA REDAÇÃO

Forças de segurança russas tomaram hoje de manhã (início da madrugada no Brasil) o teatro em Moscou onde terroristas tchetchenos mantinham cerca de 700 pessoa cativas desde a quarta-feira e libertaram os reféns. Segundo Pavel Kudryavtsev, porta-voz do grupo de emergência que cuidava da crise, os soldados russos entraram no prédio e mataram o líder do grupo de cerca de 50 sequestradores, Movsar Barayev.
"Conseguimos impedir uma matança em massa e a destruição do prédio, como haviam ameaçado", afirmou o vice-ministro do Interior, Vladimir Vasilyev, aos repórteres que acompanhavam a ação dos soldados no teatro. Segundo ele, 36 sequestradores foram mortos e os demais, presos.
O presidente russo, Vladimir Putin, foi informado sobre a tomada do teatro e estava acompanhando o desenrolar da ação, segundo as agências de notícias russas. O fim do cerco representa uma grande vitória política para Putin, cuja capacidade de lidar com os separatistas tchetchenos havia sido colocada em dúvida após o início do sequestro.
Putin foi eleito presidente em 2000 com a popularidade conquistada graças à sua reação, como primeiro-ministro, a atentados atribuídos aos rebeldes tchetchenos que mataram cerca de 300 pessoas em cidades russas em 1999 e deram início à segunda guerra na república separatista da Tchetchênia. A primeira guerra aconteceu entre 1994 e 1996.
Os terroristas ameaçavam matar todos os reféns e explodir o prédio se não fossem atendidos em sua demanda pelo fim da guerra na Tchetchênia. Eles haviam feito ontem um ultimato, ameaçando começar a matar os reféns ao amanhecer se não fossem atendidos.
Segundo Sergei Ignatchenko, porta-voz da FSB (Serviço Federal de Segurança), a operação para tomar o teatro foi iniciada após os terroristas começarem a matar reféns. Segundo a agência de notícias russa Interfax, membros dos serviços de ambulância no local disseram que ao menos dez reféns foram mortos.
Horas antes da invasão do prédio pelas tropas russas, foram ouvidas diversas explosões no local, seguidas de tiros. Logo após a primeira explosão, foram ouvidas sirenes e gritos, e uma van preta seguiu na direção do teatro. "As explosões e os tiros partiram dos rebeldes. As forças federais não os iniciaram", afirmou Kudryavtsev. Segundo ele, o governo conseguiu estabelecer depois disso um contato por telefone com os sequestradores. A rede de TV ORT, porém, disse que a comunicação foi infrutífera.
Ontem à noite, após um encontro com Putin, o chefe do FSB (Serviço de Segurança Federal), Nikolai Patrushev, havia prometido aos terroristas garantias de vida se os reféns fossem libertados. Putin disse que "a preservação da vida das pessoas" que permaneciam no teatro era sua maior preocupação. Mas nenhuma outra proposta do governo foi feita oficialmente além da garantia mencionada por Patrushev.
Em ocasiões passadas, Putin não negociou com os tchetchenos, salvo se as negociações objetivassem o desarmamento da guerrilha e o fim de sua petição de independência da Tchetchênia.
O vice-ministro do Interior disse que foram feitas tentativas, infrutíferas, de contatar Aslan Maskhadov, presidente do governo rebelde da Tchetchênia, não reconhecido por Moscou. "O líder desse ato terrorista é Maskhadov. Ele foi organizado com sua participação", disse Vasilyev. Ahmed Zakayev, braço direito de Maskhadov, negou sua participação na ação e disse que ele estava disposto a ajudar na solução para o caso, se o governo russo pedisse.


Com agências internacionais

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