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São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2003

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"Aqui temos água e energia elétrica"

DE BUENOS AIRES

A casa de Cristina Correa, 31, fica no bairro de San Telmo, o mais antigo de Buenos Aires. Ela, o marido, a mãe e os três filhos compartilham um quartinho pequeno, dividido em dois cômodos por uma tábua de madeira, num edifício onde vivem outras nove famílias. O banheiro é o mesmo para todos. Cozinha, há duas. Ela e seus vizinhos engrossam a lista de argentinos que, para fugir das favelas e das ruas, invadiram prédios abandonados nas áreas que circundam o centro da cidade.
"Você não é da polícia, é?", pergunta Livia Aguilera, 56, desconfiada. O edifício, apesar de deteriorado, é uma opção melhor do que as ruas. "Aqui temos água, energia elétrica e até calefação", diz Cristina, que nasceu em Tucumán, uma das Províncias mais pobres da Argentina.
Ela e o marido mudaram-se para a capital federal há 12 anos em busca de trabalho. Um fenômeno parecido com o vivido pelas grandes metrópoles brasileiras.
O marido, Luis Correa, 34, é vendedor ambulante. "Tem dia em que ganha 10 pesos, 15 pesos e outros em que não vende nada", diz. Cristina faz faxina. "Mas está difícil. Ninguém tem dinheiro para pagar empregada." Por mês, são 400 pesos para sustentar Lucas, 3, Cecília, 5, e Laura, 8.


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