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São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2003

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"Não voltamos a viver como antes"

DE BUENOS AIRES

Jorge Gómez, 42, voltou a ter um trabalho registrado em carteira há três meses. Desde junho de 2001, quando a empresa onde trabalhava fechou, o engenheiro mecânico sustentava a mulher e os dois filhos com "bicos". "Trabalhei como vigilante, taxista, faxineiro, vendedor. Fiz de tudo", diz.
Gómez é gerente de vendas de uma empresa têxtil, um dos setores que se beneficiou com a desvalorização do peso, em janeiro de 2002. "Consigo dormir melhor só por ter a certeza de quanto vou receber no final do mês." O salário não é alto: 1.200 pesos (quase o mesmo valor em reais), mas supera a média dos "novos assalariados" da retomada argentina.
A mulher de Gómez, Marta, 38, psicóloga, ainda sofre os efeitos da crise. "Ela segue buscando trabalho, mas é difícil achar." A dificuldade é que Marta teria de trabalhar meio período para cuidar de Morena, 5, e Facundo, 8. "Não temos com quem deixá-los."
O casal tem casa própria, o que ajuda. "Mas ainda não voltamos a viver como antes", diz Gómez. "Outro dia, fizemos uma loucura. Comemorávamos dez anos de casamento e fomos jantar. Levei um susto com a conta: 120 pesos. Por enquanto, esse é um luxo do qual só poderemos desfrutar novamente daqui a dez anos."


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