ANDREI SHUKSHIN
DA REUTERS, EM MOSCOU

A polícia secreta russa prendeu ontem o homem mais rico do país, o empresário Mikhail Khodorkovsky, proprietário da maior empresa petrolífera da Rússia, a Yukos. Acusado de fraude e evasão fiscal, ele foi retirado de seu jato particular quando ia levantar vôo, em Novosibirsk, na Sibéria.
Depois de meses de embate pré-eleitoral com o presidente Vladimir Putin, a detenção de Khodorkovsky, sondado como candidato a presidente, parece ter sido um movimento calculado para mostrar quem manda nos ricos oligarcas que passaram a controlar os recursos naturais e a indústria depois do fim da URSS.
Uma porta-voz da Procuradoria Geral da Rússia disse que o empresário foi detido porque não compareceu a uma audiência judicial em Moscou. Segundo os promotores, ele, como pessoa física e como presidente da Yukos, é responsável por desvios de recursos que chegam a US$ 1 bilhão -a fortuna de Khodorkovsky é calculada em US$ 11 bilhões.
A Justiça russa ainda estava decidindo, ontem, se Khodorkovsky deveria permanecer preso.
O empresário está envolvido num conflito com o Kremlin, no contexto das eleições parlamentares de dezembro e da tentativa de reeleição de Putin, em março. É conhecida sua ajuda a dois partidos liberais que competem com os aliados de Putin.
Putin, celebrado pelos simpatizantes como o homem que trouxe a ordem a um país à deriva, deve vencer ambos os testes eleitorais.
Embora Putin tente demonstrar distanciamento do caso, o Kremlin deixou claro que não deseja ser refém dos oligarcas.
"A comunidade dos empresários da Rússia acredita que os recentes atos das agências de segurança têm tido um papel considerável na piora da atmosfera na sociedade russa", disse Anatoly Chubais, que foi assessor do ex-presidente Boris Ieltsin (1991-2000) para projetos de privatização e que agora chefia uma empresa de energia elétrica.
"Acreditamos que apenas uma posição clara do presidente Putin possa interromper essa espiral extremamente perigosa", afirmou Chubais, dizendo falar por todos os empresários do país após a prisão de Khodorkovsky.


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