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A ESQUERDA COM SHARON
Premiê é a única saída, diz deputado pacifista
DA REDAÇÃO
A esquerda israelense vai votar
a favor do plano do premiê Ariel
Sharon porque o projeto prevê a
desocupação de territórios palestinos. "Preferiríamos um acordo.
Como [isso] não é possível, adotamos o plano do Sharon", disse o
deputado Roman Bronfman, do
Partido Yahad, que sempre considerou o premiê um dos maiores
inimigos da paz, mas que agora o
vê como a única saída. A seguir,
leia trechos de sua entrevista à Folha, por telefone, de Israel.
(GC)
Folha - Por que o sr. é a favor do
plano de Sharon?
Roman
Bronfman -
Nós somos do
campo da
paz. Somos
contra a ocupação dos territórios palestinos. Preferíamos um
acordo [com
os palestinos]. Como [isso] não é
possível, adotamos o plano de
Sharon.
Folha - Por que o Yahad não aceita um referendo?
Bronfman - O referendo não é
necessário. Nunca houve algo assim em Israel, nem para as negociações [de paz] de Oslo. O Knesset [Parlamento] tem de decidir.
O referendo é uma tática dos que
querem acabar com o plano. Mesmo assim, o plano de Sharon tem
o apoio da maioria da população.
Folha - Mas o sr. não acha que
Sharon sairá de Gaza para consolidar a presença de Israel na Cisjordânia?
Bronfman -Esperamos que a saída de Gaza seja o primeiro estágio
e que, depois, Sharon retire as colônias da Cisjordânia em próximas etapas do plano.
Folha - Por que a esquerda está
tão fraca a ponto de ter de apoiar
Sharon?
Bronfman - É um fato [que a esquerda está fraca]. Pode-se ver
pelo resultado das eleições [que
reduziu muito a presença da esquerda no Knesset]. A Intifada fez
a opinião pública ficar contra o
processo de paz.
Folha - Vocês reconhecem Iasser
Arafat como líder palestino?
Bronfman - Não temos moral
para decidir quem é o líder deles.
Ele é o representante escolhido
pelos palestinos e o único que pode assinar um
acordo de paz.
Preferíamos um
acordo [de paz].
Como [isso] não é
possível, adotamos o
plano de Sharon
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Mas nós sabemos que Iasser
Arafat não é um
líder confiável.
Folha - Qual a
proposta de paz
do Yahad?
Bronfman -
Apoiamos o
Acordo de Genebra [acordo
entre moderados israelenses e palestinos que prevê que a Cisjordânia e Gaza sejam o território do
futuro Estado palestino]. Temos
um parceiro com quem negociar.
Preferimos que tudo seja acordado. Mas, enquanto Sharon estiver no poder, votaremos a favor
do plano dele. Somos favoráveis a
tudo o que prevê a desocupação
dos territórios. Mas somos contrários a Sharon em outros aspectos de seu governo.
Folha - O que você acha da influência da religião na política israelense?
Bronfman - Queremos separar a
religião do Estado. Estamos preocupados com o abuso dos religiosos. Lutamos contra isso.
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