São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2004

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A ESQUERDA COM SHARON

Premiê é a única saída, diz deputado pacifista

DA REDAÇÃO

A esquerda israelense vai votar a favor do plano do premiê Ariel Sharon porque o projeto prevê a desocupação de territórios palestinos. "Preferiríamos um acordo. Como [isso] não é possível, adotamos o plano do Sharon", disse o deputado Roman Bronfman, do Partido Yahad, que sempre considerou o premiê um dos maiores inimigos da paz, mas que agora o vê como a única saída. A seguir, leia trechos de sua entrevista à Folha, por telefone, de Israel. (GC)
 

Folha - Por que o sr. é a favor do plano de Sharon?
Roman Bronfman -
Nós somos do campo da paz. Somos contra a ocupação dos territórios palestinos. Preferíamos um acordo [com os palestinos]. Como [isso] não é possível, adotamos o plano de Sharon.

Folha - Por que o Yahad não aceita um referendo?
Bronfman -
O referendo não é necessário. Nunca houve algo assim em Israel, nem para as negociações [de paz] de Oslo. O Knesset [Parlamento] tem de decidir. O referendo é uma tática dos que querem acabar com o plano. Mesmo assim, o plano de Sharon tem o apoio da maioria da população.

Folha - Mas o sr. não acha que Sharon sairá de Gaza para consolidar a presença de Israel na Cisjordânia?
Bronfman -
Esperamos que a saída de Gaza seja o primeiro estágio e que, depois, Sharon retire as colônias da Cisjordânia em próximas etapas do plano.

Folha - Por que a esquerda está tão fraca a ponto de ter de apoiar Sharon?
Bronfman -
É um fato [que a esquerda está fraca]. Pode-se ver pelo resultado das eleições [que reduziu muito a presença da esquerda no Knesset]. A Intifada fez a opinião pública ficar contra o processo de paz.

Folha - Vocês reconhecem Iasser Arafat como líder palestino?
Bronfman -
Não temos moral para decidir quem é o líder deles. Ele é o representante escolhido pelos palestinos e o único que pode assinar um acordo de paz.


Preferíamos um acordo [de paz]. Como [isso] não é possível, adotamos o plano de Sharon


Mas nós sabemos que Iasser Arafat não é um líder confiável.

Folha - Qual a proposta de paz do Yahad?
Bronfman -
Apoiamos o Acordo de Genebra [acordo entre moderados israelenses e palestinos que prevê que a Cisjordânia e Gaza sejam o território do futuro Estado palestino]. Temos um parceiro com quem negociar.
Preferimos que tudo seja acordado. Mas, enquanto Sharon estiver no poder, votaremos a favor do plano dele. Somos favoráveis a tudo o que prevê a desocupação dos territórios. Mas somos contrários a Sharon em outros aspectos de seu governo.

Folha - O que você acha da influência da religião na política israelense?
Bronfman -
Queremos separar a religião do Estado. Estamos preocupados com o abuso dos religiosos. Lutamos contra isso.


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