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Venezuela e Guatemala admitem desistir
Chávez indica a Bolívia para vaga no Conselho de Segurança e guatemaltecos, a Costa Rica, mas impasse se mantém
Latino-americanos não concordam sobre candidato único; Celso Amorim pede consenso para evitar um desgaste maior da região
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
CLAUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Venezuela e a Guatemala
se dispuseram a desistir da disputa por uma vaga representando a América Latina e o Caribe no Conselho de Segurança
da ONU, mas os 33 países do
grupo regional não conseguiram ontem chegar a acordo sobre uma candidatura de consenso ou mesmo sobre candidatos alternativos.
O presidente venezuelano,
Hugo Chávez, indicou a Bolívia,
governada por seu aliado Evo
Morales, para suceder o país na
disputa. A Guatemala, candidata dos EUA, indicou a Costa Rica. A Bolívia demonstrou interesse, mas, segundo fontes diplomáticas, sua pretensão é
prejudicada pelo fato de não ter
nem sequer embaixador na
ONU atualmente.
A Costa Rica, por enquanto,
descartou ser candidata. "Estamos em condições muito favoráveis para a candidatura no
ano que vem. Não vamos nos
meter numa eleição que não
nos oferece boas condições",
disse o chanceler costarriquenho, Bruno Stagno.
Enquanto não houver uma
ou várias novas candidaturas,
Venezuela e Guatemala ainda
são oficialmente candidatas.
Os dois países concordaram
em desistir por causa do impasse nas votações na Assembléia
Geral da ONU, iniciadas na semana passada. Após 36 rodadas, nenhum chegou à maioria
de dois terços. A 36ª votação foi
realizada ontem, depois de uma
pausa de seis dias. A Guatemala
teve 109 votos, contra 72 da Venezuela. A próxima votação está marcada para terça-feira.
"Sinto-me plenamente representado pelo companheiro
Evo Morales e pelo povo boliviano, que são nossos irmãos
nessa batalha contra os EUA.
Chamei Evo e ele me disse:
"Chávez, estou contigo até a
morte". Que nobre, viva Evo, viva a Bolívia!", disse o presidente venezuelano ontem num discurso em Caracas.
No Brasil, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que apoiará a Venezuela, que é membro pleno do
Mercosul, enquanto o país
mantiver a candidatura, mas
que não via problemas na indicação da Bolívia para a vaga.
"Acho que agora temos que
trabalhar para um consenso,
que não tenha nem vencedores
nem perdedores. Claro que nós
temos um compromisso com a
Venezuela, é preciso reiterar isso, mas acho que daqui para
frente, se ficarmos parados, estaremos provocando um desgaste para a América Latina em
conjunto e isso não é bom",
afirmou Amorim.
Além dos cinco membros
permanentes com poder de veto (China, EUA, França, Reino
Unido e Rússia), o Conselho de
Segurança tem dez membros
rotatórios, com mandato de 24
meses. A cada ano cinco são renovados. Todos os grupos regionais, à exceção de América
Latina e Caribe, já elegeram
seus representantes.
"O Brasil saiu do Conselho há
um ano, está realmente batalhando pela reforma das Nações Unidas e apoiou de maneira muito clara a Venezuela.
Nosso objetivo é só o de garantir a vaga para a América Latina", disse Amorim.
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