São Paulo, sexta-feira, 26 de outubro de 2007

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Venezuela cria verba para antiamericanos

Governo prevê destinar US$ 193,4 mi em 2008 para "fortalecer movimentos alternativos na América Central e México"

Plano de política externa cita construção de refinaria com Petrobras; Chancelaria mexicana responde com rejeição à sugestão chavista

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

A Venezuela incluiu no Orçamento Nacional do próximo ano uma verba de US$ 193,4 milhões para "fortalecer os movimentos alternativos na América Central e no México na busca do desprendimento do domínio imperial", um dos objetivos da política externa chavista. O governo mexicano do direitista Felipe Calderón pediu explicações a Caracas.
A ajuda a entidades antiamericanas já estava prevista, com a mesma redação, no documento "Linhas Gerais do Plano de Desenvolvimento Econômico e Social da Nação 2007-2013", apresentado pelo presidente Hugo Chávez à Assembléia.
O período do plano de Chávez cobre seu atual mandato, de seis anos, que pode ser estendido até 2014 caso a reforma constitucional seja aprovada em referendo em dezembro.
A promessa de ajuda está no trecho do documento que elabora sua política externa para a América Latina e o Caribe. O governo Chávez diz que seu objetivo para a região é "neutralizar a ação do império fortalecendo a solidariedade e a opinião pública dos movimentos sociais organizados".
Ontem, o subsecretário de Relações Exteriores do México para a América Latina, Gerónimo Gutiérrez, disse que o assunto deverá ser tratado durante um possível encontro entre os dois presidentes durante a Cúpula Ibero-americana, no próximo mês, no Chile.
"Ressaltamos de maneira muito pontual à Chancelaria venezuelana que não precisamos no México de nenhuma recomendação sobre como levar nossa relação com um terceiro país", disse Gutiérrez.

"Novo Mercosul"
Outra meta de Chávez, diz o documento, é "participar da construção do novo Mercosul em direção à conformação da Comunidade Sul-Americana de Nações baseado na avaliação, revisão e reorientação dos conteúdos de integração".
Sobre o Brasil, a Venezuela menciona a intenção de construir a refinaria de Pernambuco em parceira com a Petrobras -projeto que, segundo os dois governos, deve ter um acordo até dezembro.
O plano de Chávez também prevê a "consolidação do eixo de liderança Cuba-Venezuela-Bolívia para impulsar a Alba [Alternativa Bolivariana para os Povos da Nossa América]", bloco econômico de esquerda que inclui ainda a Nicarágua.
Fora da América Latina, o plano do governo venezuelano propõe "consolidar a aliança política integral emergente com base nos interesses comuns antiimperialistas" com Irã, Síria, Belarus e Rússia.
Chávez não prevê nenhuma aproximação com Washington. A estratégia para o "império" inclui incentivar o intercâmbio com movimentos sociais, o uso de meios de comunicação alternativos, ajuda aos "setores excluídos" e o fomento de grupos de solidariedade à revolução bolivariana".


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