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Venezuela cria verba para antiamericanos
Governo prevê destinar US$ 193,4 mi em 2008 para "fortalecer movimentos alternativos na América Central e México"
Plano de política externa cita construção de refinaria com Petrobras; Chancelaria mexicana responde com rejeição à sugestão chavista
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
A Venezuela incluiu no Orçamento Nacional do próximo
ano uma verba de US$ 193,4
milhões para "fortalecer os movimentos alternativos na América Central e no México na
busca do desprendimento do
domínio imperial", um dos objetivos da política externa chavista. O governo mexicano do
direitista Felipe Calderón pediu explicações a Caracas.
A ajuda a entidades antiamericanas já estava prevista, com
a mesma redação, no documento "Linhas Gerais do Plano de
Desenvolvimento Econômico e
Social da Nação 2007-2013",
apresentado pelo presidente
Hugo Chávez à Assembléia.
O período do plano de Chávez cobre seu atual mandato, de
seis anos, que pode ser estendido até 2014 caso a reforma
constitucional seja aprovada
em referendo em dezembro.
A promessa de ajuda está no
trecho do documento que elabora sua política externa para a
América Latina e o Caribe. O
governo Chávez diz que seu objetivo para a região é "neutralizar a ação do império fortalecendo a solidariedade e a opinião pública dos movimentos
sociais organizados".
Ontem, o subsecretário de
Relações Exteriores do México
para a América Latina, Gerónimo Gutiérrez, disse que o assunto deverá ser tratado durante um possível encontro entre os dois presidentes durante
a Cúpula Ibero-americana, no
próximo mês, no Chile.
"Ressaltamos de maneira
muito pontual à Chancelaria
venezuelana que não precisamos no México de nenhuma recomendação sobre como levar
nossa relação com um terceiro
país", disse Gutiérrez.
"Novo Mercosul"
Outra meta de Chávez, diz o
documento, é "participar da
construção do novo Mercosul
em direção à conformação da
Comunidade Sul-Americana
de Nações baseado na avaliação, revisão e reorientação dos
conteúdos de integração".
Sobre o Brasil, a Venezuela
menciona a intenção de construir a refinaria de Pernambuco em parceira com a Petrobras
-projeto que, segundo os dois
governos, deve ter um acordo
até dezembro.
O plano de Chávez também
prevê a "consolidação do eixo
de liderança Cuba-Venezuela-Bolívia para impulsar a Alba
[Alternativa Bolivariana para
os Povos da Nossa América]",
bloco econômico de esquerda
que inclui ainda a Nicarágua.
Fora da América Latina, o
plano do governo venezuelano
propõe "consolidar a aliança
política integral emergente
com base nos interesses comuns antiimperialistas" com
Irã, Síria, Belarus e Rússia.
Chávez não prevê nenhuma
aproximação com Washington.
A estratégia para o "império"
inclui incentivar o intercâmbio
com movimentos sociais, o uso
de meios de comunicação alternativos, ajuda aos "setores excluídos" e o fomento de grupos
de solidariedade à revolução
bolivariana".
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