|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sarkozy anuncia pacote ambiental para a França
Presidente reuniu propostas de três meses de discussões patrocinadas pelo governo
Plano é vago em relação a pontos controvertidos,
como biocombustível e taxa
do carbono; ambientalistas
dizem haver ambiguidades
DA REDAÇÃO
Para recuperar o atraso francês em questões ambientais, o
presidente Nicolas Sarkozy
anunciou ontem um pacote de
iniciativas, como a supressão
até 2010 das lâmpadas incandescentes, suspensão do cultivo de organismos geneticamente modificados e a reforma
de 400 mil moradias ao ano para que gastem menos energia.
Sarkozy soube coreografar o
lançamento de sua "revolução
ambiental", em cerimônia no
palácio presidencial assistida
pelo ex-vice-presidente americano Al Gore, Prêmio Nobel, e o
presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso.
Antes de ser eleito, em maio,
o presidente prometera "uma
Grenelle do ambientalismo",
menção às negociações que em
1968 ampliaram os direitos trabalhistas, ocorridas em Paris na
rua de Grenelle.
Nos últimos três meses reuniram-se agricultores, empresários e ambientalistas, formulando propostas que foram discutidas entre quarta-feira e ontem num "congresso".
Pontos divergentes do encontro foram citados genericamente por Sarkozy ou transformados em temas que o governo
pretende estudar ou encaminhar para debate parlamentar.
É o caso do imposto sobre o
carbono, que os ambientalistas
queriam impor aos veículos poluentes como forma de combater o efeito estufa, mas que o
Medef, confederação empresarial, só aceitaria se compensado
pelo corte de tributos.
A solução intermediária foi
paliativa: taxar caminhões que
atravessam a França. O governo dará como opção transportá-los em trens especiais.
Pontos consensuais
Entre os pontos consensuais
anunciados estão o corte em
20%, até 2012, do consumo de
energia dos prédios públicos e a
obrigatoriedade de os domicílios terem janelas duplas para
economizar em calefação.
Os ambientalistas queriam
que a França cobrasse mais imposto dos produtos de países
que não são signatários do Protocolo de Kyoto sobre o aquecimento global -caso dos EUA. A
sugestão foi encaminhada à
União Européia, que legisla sobre importação.
A proposta de diminuir em
10 km/h a velocidade máxima
nas auto-estradas francesas foi
arquivada porque, embora economize combustível, é altamente impopular. Mas o governo deverá instalar mais 2.000
km de linhas do TGV (trens de
alta velocidade), para desestimular as viagens de carro.
Sarkozy disse que congelaria
a construção de novas centrais
nucleares, que produzem 80%
da eletricidade local. Reservará
em quatro anos 1 bilhão (R$
2,6 bilhões) para a pesquisa de
fontes de energia renováveis.
É nesse ponto que entram os
biocombustíveis, sobre os
quais Sarkozy nada disse. "Em
lugar de plantar alimentos, os
agricultores estão sendo forçados a produzir energia para
nossos automóveis, o que é
uma insanidade", disse o dirigente do Partido Verde alemão,
Daniel Cohn-Bendit, um dos líderes das barricadas estudantis
de Maio de 1968, em Paris.
O governo concluirá em um
ano estudo sobre a redução pela metade do consumo de pesticidas. A França foi recentemente multada pela UE pelo
uso "abusivo" desses produtos.
A oposição francesa não gostou. A Aliança pelo Planeta, que
congrega 80 entidades, afirmou existirem "avanços", mas
também "ambigüidades" nas
medidas anunciadas.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Oriente Médio: Laura Bush diz a soldados que Iraque avança Próximo Texto: O plano de Sarkô Índice
|