São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2008

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Compra de armas em 1999 está na origem de atual instabilidade

DO "FINANCIAL TIMES"

A vida de praticamente todos os membros da elite governista da África do Sul ficaria mais fácil se o país esquecesse o acordo de armas que vem envenenando sua política há uma década.
Mas os líderes que têm mais a perder com a seqüência interminável de alegações de corrupção são as mesmas pessoas que estão se lançando em mais uma rodada de batalhas legais em torno do programa de aquisição de equipamentos militares no valor de US$ 3,73 bilhões lançado pelo CNA em 1999.
Os sul-africanos pareciam dispostos a encarar uma amnésia em nome da estabilidade quando as acusações de corrupção contra Jacob Zuma foram arquivadas por um detalhe técnico. Mas os aplausos deram lugar à maior reviravolta desde o apartheid, assegurando que as conseqüências negativas do acordo de armas ainda serão sentidas na política do país.
A baixa mais recente nessa guerra é Thabo Mbeki, cuja Presidência chegou a um fim confuso depois de um juiz no processo de Zuma declarar que a administração de Mbeki tinha manipulado promotores para que acusassem seu rival.
Rixas profundas começaram a surgir quando Mbeki demitiu o então vice-presidente Zuma após a condenação, em 2005, de seu assessor financeiro, por ter pedido propinas em nome de Zuma de uma empresa européia de fornecimento de armas.
O contrato de compra de armamentos que visava equipar as Forças Armadas sul-africanas para uma nova era de liderança continental após o término do governo branco acabou por macular sua reputação. "O contrato de armamentos é o "leitmotiv" da política sul-africana", diz Andrew Feinstein, ex-legislador do CNA.
O contrato que acabou por definir os piores aspectos da era Mbeki ameaça lançar sombra sobre o que alguns setores sul-africanos, especialmente os mais pobres, esperam que seja a aurora de tempos novos.
O mais provável é que Jacob Zuma se torne presidente após as eleições de 2009, sem que seus desmentidos tenham chegado a ser averiguados num julgamento pleno.


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