São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2010

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O IMPÉRIO VOTA

VALE TUDO

Para levar o eleitor às urnas, republicanos e democratas acusam rivais de querer dar Viagra a molestadores ou matar animais em massa

MÁRCIA SOMAN MORAES
DE SÃO PAULO

Esqueça as velhas acusações do horário eleitoral brasileiro. Para conquistar seus eleitores, candidatos americanos acusam oponentes de dar Viagra para molestadores, pertencer a grupo terrorista ou matar animais. Alguns manipulam discursos, outros omitem contrapontos importantes, mas todos mostram o esforço para definir seus oponentes não só como não confiáveis, mas perigosos e imorais.
"Propagandas negativas efetivamente funcionam. Elas ajudam a definir o caráter de seu oponente e convencer os eleitores de que você é melhor", explica Richard Parker, cientista político da Universidade Harvard. Pat Quinn aposta em pintar seu rival como matador de animais.
"A prioridade de Bill Brady é uma lei de eutanásia em massa de cães e gatos em câmaras de gás", diz um anúncio de Quinn, governador democrata de Illinois, sobre seu oponente republicano.
Drama à parte, Bradley efetivamente propôs uma lei pela eutanásia em grupos nos abrigos. Mas a ideia era economizar a verba escassa destas instituições.
Ganhou um "meia verdade" do PolitiFacts, site que avalia anúncios políticos dos EUA. São seis níveis, de "verdade" a "calças em chamas".
"Este é o segredinho sujo da política. Toda campanha na história recente viu propagandas negativas, isso não foi diferente este ano", diz Garry South, que faz propaganda política desde 1972.
South afirma que a questão é fazer estes anúncios críveis e para isto atribui-se a credibilidade a uma fonte externa, como jornais.
Assim faz a republicana Sharron Angle em Nevada, que acusa o rival democrata ao Senado, Harry Reid, de querer usar dinheiro dos contribuintes para pagar Viagra a molestadores.
Reid respondeu à altura. Em anúncio, conta que Angle votou contra criar uma lista referencial de acusados deste tipo de crime.
No mentirômetro do PolitiFacts, Reid ficou em vantagem. Ele ganhou um "maioria verdade" contra um "muito pouca verdade" de Angle. Já nas urnas, é difícil prever quem vence. "Só o comparecimento poderá provar se foram efetivas", avalia Parker. Nos EUA, o voto não é obrigatório.
O eleitor percebe o esforço. Pesquisa do Pew Research Center mostra que a maioria afirmou que republicanos (58%) e democratas (56%) passaram mais tempo atacando seus oponentes do que explicando propostas.

EXAGEROS
Apesar de efetiva, a tática apresenta riscos. Às vezes, os candidatos exageram e perdem a credibilidade. Como o deputado democrata Alan Grayson, da Flórida, que comparou Daniel Webster ao Taleban.
O anúncio diz que Webster defende "que as mulheres se submetam aos maridos".
O vídeo edita um discurso do republicano no qual ele diz exatamente o contrário.
Ou Jack Conway, candidato ao Senado, que acusa o republicano Rand Paul de ter pertencido a uma sociedade secreta que zombava dos cristãos e da Bíblia.
"É um limite difícil de se estabelecer. Mas, às vezes, chega a um ponto que os eleitores dizem: "se este candidato é tão ruim, por que não está na cadeia?'", explica South, autor de inúmeros anúncios negativos.

FOLHA.com
Veja as propagandas
folha.com.br/mm818721


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