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O IMPÉRIO VOTA
VALE TUDO
Para levar o eleitor às urnas, republicanos e democratas acusam rivais de querer dar Viagra a molestadores ou matar animais em massa
MÁRCIA SOMAN MORAES
DE SÃO PAULO
Esqueça as velhas acusações do horário eleitoral brasileiro. Para conquistar seus
eleitores, candidatos americanos acusam oponentes de
dar Viagra para molestadores, pertencer a grupo terrorista ou matar animais.
Alguns manipulam discursos, outros omitem contrapontos importantes, mas
todos mostram o esforço para definir seus oponentes
não só como não confiáveis,
mas perigosos e imorais.
"Propagandas negativas
efetivamente funcionam.
Elas ajudam a definir o caráter de seu oponente e convencer os eleitores de que você é melhor", explica Richard
Parker, cientista político da
Universidade Harvard.
Pat Quinn aposta em pintar seu rival como matador
de animais.
"A prioridade de Bill Brady
é uma lei de eutanásia em
massa de cães e gatos em câmaras de gás", diz um anúncio de Quinn, governador democrata de Illinois, sobre seu
oponente republicano.
Drama à parte, Bradley
efetivamente propôs uma lei
pela eutanásia em grupos
nos abrigos. Mas a ideia era
economizar a verba escassa
destas instituições.
Ganhou um "meia verdade" do PolitiFacts, site que
avalia anúncios políticos dos
EUA. São seis níveis, de "verdade" a "calças em chamas".
"Este é o segredinho sujo
da política. Toda campanha
na história recente viu propagandas negativas, isso não
foi diferente este ano", diz
Garry South, que faz propaganda política desde 1972.
South afirma que a questão é fazer estes anúncios críveis e para isto atribui-se a
credibilidade a uma fonte externa, como jornais.
Assim faz a republicana
Sharron Angle em Nevada,
que acusa o rival democrata
ao Senado, Harry Reid, de
querer usar dinheiro dos contribuintes para pagar Viagra
a molestadores.
Reid respondeu à altura.
Em anúncio, conta que Angle votou contra criar uma
lista referencial de acusados
deste tipo de crime.
No mentirômetro do PolitiFacts, Reid ficou em vantagem. Ele ganhou um "maioria verdade" contra um "muito pouca verdade" de Angle.
Já nas urnas, é difícil prever quem vence. "Só o comparecimento poderá provar
se foram efetivas", avalia
Parker. Nos EUA, o voto não é
obrigatório.
O eleitor percebe o esforço.
Pesquisa do Pew Research
Center mostra que a maioria
afirmou que republicanos
(58%) e democratas (56%)
passaram mais tempo atacando seus oponentes do
que explicando propostas.
EXAGEROS
Apesar de efetiva, a tática
apresenta riscos. Às vezes, os
candidatos exageram e perdem a credibilidade.
Como o deputado democrata Alan Grayson, da Flórida, que comparou Daniel
Webster ao Taleban.
O anúncio diz que Webster
defende "que as mulheres se
submetam aos maridos".
O vídeo edita um discurso
do republicano no qual ele
diz exatamente o contrário.
Ou Jack Conway, candidato ao Senado, que acusa o republicano Rand Paul de ter
pertencido a uma sociedade
secreta que zombava dos
cristãos e da Bíblia.
"É um limite difícil de se
estabelecer. Mas, às vezes,
chega a um ponto que os eleitores dizem: "se este candidato é tão ruim, por que não está na cadeia?'", explica
South, autor de inúmeros
anúncios negativos.
FOLHA.com
Veja as propagandas
folha.com.br/mm818721
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