São Paulo, sexta-feira, 26 de novembro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Prisioneiro em Israel, Barghouti, figura popular, disse a advogados que pretende ser candidato em 9 de janeiro

Líder preso quer ser presidente palestino

Nasser Nasser/Associated Press
Pôster em Ramallah (Cisjordânia) exibe Barghouti com algemas


DA REDAÇÃO

Apesar de estar preso em Israel, Marwan Barghouti, considerado o principal líder da jovem geração palestina, pretende se candidatar para a Presidência da ANP (Autoridade Nacional Palestina) na eleição de 9 de janeiro.
A decisão de Barghouti entra em choque com o que havia determinado a direção do Fatah -partido ao qual ele pertence. O Fatah, que é o principal partido palestino, já escolheu como candidato o ex-premiê e atual líder da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), Mahmoud Abbas, também conhecido como Abu Mazen, que é o favorito para suceder Iasser Arafat.
Porém, se Barghouti realmente disputar o pleito, o cenário eleitoral palestino muda totalmente. Pesquisas recentes, feitas antes da morte de Iasser Arafat, indicavam que ele era o segundo palestino mais popular.
A candidatura de Barghouti deixa clara uma luta pelo poder dentro do Fatah, com os políticos antigos que retornaram do exílio em 1994, como Abbas, contra a nova geração de ativistas que lideraram dois levantes na Cisjordânia e na faixa de Gaza, como Barghouti.
Na noite de ontem, o Conselho Revolucionário do Fatah referendou a candidatura de Abbas. Segundo autoridades palestinas, essa foi a aprovação final, tornando Abbas o único candidato do partido na eleição presidencial.
Caso confirme a candidatura, Barghouti terá que sair como independente -conforme prevê a legislação palestina-, podendo rachar o eleitorado do Fatah, abrindo caminho inclusive para um terceiro candidato se eleger -não há nenhum nome forte inscrito até agora na disputa.
O anúncio da sua decisão foi feito por meio de seus advogados, que repassaram o comunicado para alguns dos principais aliados de Barghouti dentro do Fatah.
Conhecido como líder da atual Intifada (levante palestino), Barghouti cumpre cinco penas de prisão perpétua em Israel por envolvimento em ataques terroristas contra israelenses. O palestino nega a acusação.
O governo de Israel tem afirmado que não libertará Barghouti. Nesta semana, o chanceler Silvan Shalom o chamou de "assassino". Porém os simpatizantes de Barghouti contam com a pressão internacional sobre Israel para que seja obtida sua libertação.
Tanto Abbas quanto Barghouti são defensores da criação de um Estado palestino na Cisjordânia, na faixa de Gaza e em Jerusalém Oriental. A diferença entre os dois diz respeito à Intifada.
O ex-premiê é contra o uso da violência e afirmou que a atual Intifada é um erro. Já Barghouti diz que ataques contra soldados e colonos é resistência legítima.

Muro
Também ontem, o presidente de Israel, Moshe Katsav, cujo cargo é meramente cerimonial, afirmou que, se os palestinos cessarem os ataques, Israel deveria suspender a construção da barreira que separa as áreas israelenses das palestinas na Cisjordânia.
O muro é um dos dois itens do plano de desengate dos palestinos que está sendo implementado pelo premiê de Israel, Ariel Sharon -o outro é a retirada dos assentamentos de Gaza.
Segundo Israel, o objetivo da barreira é impedir que terroristas palestinos entrem em território israelense para cometer atentados. Já os palestinos afirmam que o objetivo do muro é incorporar mais terras palestinas, já que o traçado passa por dentro da Cisjordânia -que é reivindicada como parte de um futuro Estado pelos palestinos.
"Se os palestinos acabarem com o terror, Israel deve parar a construção da cerca de separação", disse o presidente.

Com agências internacionais


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