Na primeira tentativa de voltar, em setembro, Nawaz Sharif foi deportado

DA REDAÇÃO

Com o Paquistão mergulhado em um estado de emergência desde o último dia 3, o ex-premiê Nawaz Sharif desembarcou ontem em Lahore, nordeste do Paquistão, na volta de um exílio de sete anos na Arábia Saudita.
Sharif foi recebido no aeroporto por centenas de simpatizantes, e um esquema de segurança com 5.000 policiais foi organizado para sua chegada. Esta é a segunda vez que Sharif tenta retornar ao Paquistão. Na primeira vez, em setembro, ele foi deportado ao desembarcar.
O líder do partido PML-N (Liga Muçulmana do Paquistão-N) disse, em sua chegada, que não acreditava "na vingança como política", em virtude dos eventos dos últimos anos. Sharif foi deposto em 1999 pelo ditador Pervez Musharraf.
"Eu quero a democracia, nada mais. Estou aqui para cumprir o meu papel e me esforçar para nos livrarmos da ditadura no país", disse Sharif à BBC.
O ex-premiê chegou um dia antes do fim do prazo dado pela Comissão Eleitoral do Paquistão para que os partidos apresentem seus candidatos às eleições legislativas do dia 8 de janeiro. Porém Sharif ainda não confirmou se o PML-N vai participar das eleições ou se vai boicotá-la, em protesto pelo estado de emergência decretado por Musharraf para evitar um decisão da Justiça desfavorável à sua permanência no cargo .
Na véspera de sua chegada, dois atentados mataram 15 pessoas e feriram outras 40 em Rawalpindi, cidade vizinha à capital paquistanesa, Islamabad.
Sharif, um rico empresário, foi premiê em duas ocasiões. Seu primeiro mandato (1990-93) foi marcado por escândalos de corrupção. Em 1998, já no segundo mandato (1996-99), ele ordenou o início de testes nucleares, em resposta às experiências atômicas realizadas pela Índia, e nomeou o general Pervez Musharraf para o comando do Exército. Depois de sofrer o golpe de Estado, foi preso por fraude fiscal e traição. Solto em 2000, foi enviado para o exílio na Arábia Saudita.