São Paulo, segunda-feira, 26 de novembro de 2007

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MERCOSUL

Cristina quer que Argentina siga próxima à Venezuela

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

A presidente eleita da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, afirmou em entrevista publicada ontem pelo jornal "Página 12" que a política externa de seu governo dará continuidade a do seu marido -o atual presidente, Néstor Kirchner- e defendeu a integração da Venezuela ao Mercosul, embora tenha afirmado que sua proximidade com Hugo Chávez não signifique afastamento em relação ao Brasil.
É consenso entre analistas de relações internacionais que Kirchner priorizou a relação com a Venezuela em detrimento à com outros países, inclusive o Brasil. A visita de Cristina ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na semana passada, havia alimentado a suposição de que ela inverteria essa situação durante seu governo.
"A política exterior do presidente Kirchner foi muito clara, de dar à América Latina outro lugar. Vamos seguir aprofundando essa política, e a Venezuela vai integrar o Mercosul", afirmou. Cristina salientou a importância energética da Venezuela para o continente e minimizou a recente descoberta de novas reservas de petróleo no Brasil pela Petrobras.
"A incorporação da Venezuela é muito importante, independentemente de o Brasil ter encontrado petróleo. Encontrou a 7.000 metros de profundidade e, para que sua exploração seja rentável, o barril de petróleo tem que estar a US$ 100 ou mais."
A presidente eleita disse, porém, que as boas relações com a Venezuela não pressupõem afastar-se do Brasil.
A entrevista ao "Página 12" foi a primeira concedida por Cristina a um meio impresso argentino desde que se lançou candidata. O jornal, de baixa circulação, é conhecido por ser favorável ao governo, e foi elogioso à senadora no texto da entrevista. Cristina aproveitou essa situação para reiterar suas críticas à imprensa. "Às vezes não sei o que precisamos fazer para ser valorizados pelos meios de comunicação, pois pela sociedade já o fomos."
A senadora defendeu o controverso instituto oficial de estatísticas, Indec, embora tenha reafirmado que haverá uma mudança na medição da inflação. "Estamos trabalhando em um modelo similar ao dos EUA, que vai ser, como o de agora, absolutamente transparente."
Sobre a manutenção da maioria da equipe de seu marido -seguem 7 dos 11 ministros-, afirmou: "Você acredita que a população votou em uma mudança de governo? Não, teriam votado em outro candidato. Não quero viver num país onde as coisas mudam a cada quatro anos".

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