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MERCOSUL
Cristina quer que Argentina siga próxima à Venezuela
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
A presidente eleita da Argentina, Cristina Fernández
de Kirchner, afirmou em entrevista publicada ontem pelo jornal "Página 12" que a
política externa de seu governo dará continuidade a do
seu marido -o atual presidente, Néstor Kirchner- e
defendeu a integração da Venezuela ao Mercosul, embora tenha afirmado que sua
proximidade com Hugo Chávez não signifique afastamento em relação ao Brasil.
É consenso entre analistas
de relações internacionais
que Kirchner priorizou a relação com a Venezuela em
detrimento à com outros
países, inclusive o Brasil. A
visita de Cristina ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na semana passada, havia
alimentado a suposição de
que ela inverteria essa situação durante seu governo.
"A política exterior do presidente Kirchner foi muito
clara, de dar à América Latina outro lugar. Vamos seguir
aprofundando essa política,
e a Venezuela vai integrar o
Mercosul", afirmou. Cristina
salientou a importância
energética da Venezuela para o continente e minimizou
a recente descoberta de novas reservas de petróleo no
Brasil pela Petrobras.
"A incorporação da Venezuela é muito importante, independentemente de o Brasil ter encontrado petróleo.
Encontrou a 7.000 metros
de profundidade e, para que
sua exploração seja rentável,
o barril de petróleo tem que
estar a US$ 100 ou mais."
A presidente eleita disse,
porém, que as boas relações
com a Venezuela não pressupõem afastar-se do Brasil.
A entrevista ao "Página 12"
foi a primeira concedida por
Cristina a um meio impresso
argentino desde que se lançou candidata. O jornal, de
baixa circulação, é conhecido
por ser favorável ao governo,
e foi elogioso à senadora no
texto da entrevista. Cristina
aproveitou essa situação para reiterar suas críticas à imprensa. "Às vezes não sei o
que precisamos fazer para
ser valorizados pelos meios
de comunicação, pois pela
sociedade já o fomos."
A senadora defendeu o
controverso instituto oficial
de estatísticas, Indec, embora tenha reafirmado que haverá uma mudança na medição da inflação. "Estamos
trabalhando em um modelo
similar ao dos EUA, que vai
ser, como o de agora, absolutamente transparente."
Sobre a manutenção da
maioria da equipe de seu marido -seguem 7 dos 11 ministros-, afirmou: "Você acredita que a população votou
em uma mudança de governo? Não, teriam votado em
outro candidato. Não quero
viver num país onde as coisas
mudam a cada quatro anos".
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