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Reação à carta causa incômodo em Washington
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Causou desconforto na diplomacia americana o tom duro usado pelo assessor de assuntos internacionais da Presidência brasileira, Marco Aurélio Garcia, ao comentar em público o conteúdo da carta enviada no domingo por Barack Obama a Luiz Inácio Lula da Silva.
Até a conclusão desta edição,
o Conselho de Segurança Nacional (NSC), ligado à Casa
Branca, ainda discutia se tornaria a carta pública. Segundo
quem leu a correspondência, o
tom de Obama no texto foi amigável, reflexivo e profundo,
adequado à comunicação entre
líderes de países parceiros.
Ao falar à imprensa anteontem, Garcia havia dito que há
um "sabor de decepção" do
Brasil com posições do governo
Obama e que a posição dos
EUA em relação ao golpe em
Honduras era "equivocada".
Segundo os que tiveram acesso à carta, o americano diz esperar que o Brasil encoraje o
Irã a voltar a ganhar a confiança da comunidade internacional ao cumprir todas as suas
obrigações internacionais.
De acordo com os relatos, pede ainda que o brasileiro faça
saber das preocupações do governo americano sobre políticas de Teerã, incluindo a busca
pela capacidade de produzir armas nucleares, o apoio a grupos
extremistas e as ações contra os
direitos humanos.
Indagado sobre a correspondência ontem, Ian Kelly, porta-voz do Departamento de Estado, disse que não comentaria o
teor, mas confirmou que Lula
foi o único presidente da região
para quem Obama escreveu.
Segundo Kelly os EUA não
têm "a mesma percepção" em
relação à viagem do presidente
iraniano ao Brasil que têm em
relação à Venezuela, já que o
país mantém relações diferentes com países distintos.
Ainda assim, disse, Washington espera de todos os países
que mantenham algum contato
com o Irã que "enfatizem as
preocupações da comunidade
internacional". "Mas, é claro, a
Venezuela é um país soberano", concluiu o porta-voz.
Ontem, a representante (deputada federal) republicana ultraconservadora Ileana Ros-Lehtinen (Flórida) criticou Lula por ter recebido Amadinejad.
Para ela, a viagem foi "um tapa
na cara de todos os que defendem democracia e liberdade".
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