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Corte de Honduras e TV são alvo de ataques
Lançamento de granada e bomba caseira contra órgãos considerados pró-governo interino deixam leves danos materiais
Para golpistas, incidentes do tipo visam inviabilizar pleito de domingo; interino culpa Zelaya por ações e afirma haver plano para matá-lo
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA
Em meio a chamados cruzados para apoiar e boicotar a
eleição de domingo em Honduras, a Corte Suprema e um estúdio de TV foram atacados
respectivamente com lança-granadas e uma bomba caseira
ontem de madrugada, causando pequenos danos materiais.
O impacto do ataque ao órgão
máximo do Judiciário, cuja segurança tem sido feita por soldados, abriu um buraco de cerca de um metro na parede externa e quebrou o vidro de três
janelas, sem deixar feridos.
Segundo fontes militares, o
explosivo foi lançado pelo lança-granadas antitanque russo
RPG-7. O armamento, que não
é usado pelas Forças Armadas,
circula na América Central desde os anos 80, quando foi introduzido pelos "contras" da Nicarágua -mercenários recrutados pela CIA com a missão de
derrubar os sandinistas- e pela
guerrilha salvadorenha.
No estúdio de TV onde é gravado o programa do jornalista
Rodrigo Wong Arévalo, uma
bomba foi colocada no estacionamento. Os estilhaços quebraram sete vidros do prédio.
A Corte Suprema e Wong
Arévalo são identificados como
pró-governo interino, de Roberto Micheletti, que assumiu
o país após a deposição de Manuel Zelaya, em 28 de junho.
Nas últimas semanas, Honduras tem sofrido ataques quase diários de bombas caseiras e
granadas, principalmente em
centros comerciais e banheiros
públicos, até agora sem provocar grandes estragos ou mortes.
Para o governo Micheletti, as
bombas têm como objetivo intimidar os eleitores e são responsabilidade de simpatizantes de Zelaya, que tem exortado
seus seguidores a "impugnar" o
pleito para escolher o novo presidente, além de deputados,
prefeitos e vereadores.
Anteontem à noite, Micheletti denunciou um plano para
matá-lo, depois de a polícia
anunciar a apreensão de dois
fuzis na cidade de El Progreso,
seu domicílio eleitoral.
O presidente interino não foi
ontem à Casa Presidencial, no
primeiro dia de sua "licença
temporária" do Executivo, que
dura até a próxima quarta-feira, dia em que o Congresso votará se Zelaya será restituído.
O governo interino e seus
apoiadores, que incluem os
principais meios de comunicação, têm feito intensa campanha publicitária para que os
eleitores votem no domingo.
Já Zelaya pede que seus seguidores se abstenham, embora o principal partido que o
apoia, o esquerdista Unificação
Democrática (UD), tenha ratificado sua participação.
Ontem, até o jornal esportivo
"Diez" estampava a manchete
"Não fique sem votar". Em algumas bancas, a edição aparecia ao lado "El Libertador", pró-Zelaya, com o enunciado para o
lado oposto: "Não vote".
Durante todo o dia de ontem,
o canal 36, única emissora de
TV pró-Zelaya, permaneceu fora do ar e acusou o governo interino de interferir no sinal.
Ainda ontem, comunicado da
Chancelaria hondurenha chamou de "intervencionismo inédito" a proposta aventada pelo
Brasil de adiar o pleito até que
saia a decisão do Congresso sobre a restituição de Zelaya.
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