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Israel congela colônias na Cisjordânia por 10 meses
Iniciativa é rejeitada pelos palestinos por não contemplar Jerusalém Oriental
Paralisação atinge apenas novos empreendimentos residenciais; construções em andamento e prédios públicos podem continuar
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
O premiê de Israel, Binyamin
Netanyahu, anunciou ontem o
congelamento da construção
de novas residências na Cisjordânia por dez meses, no que
qualificou como um gesto de
boa vontade para que os palestinos voltem às negociações.
Mas a liderança palestina rejeitou o plano antes mesmo de
sua aprovação pelo gabinete israelense, reiterando que só retomará o diálogo se a construção de assentamentos for totalmente suspensa nas áreas ocupadas por Israel, inclusive em
Jerusalém Oriental.
Para obter a aprovação de
seu governo, dominado por forças de direita que resistem a
concessões territoriais, Netanyahu disse que a decisão é "dolorosa", mas essencial para reduzir a pressão internacional
sobre Israel e defender os interesses do país.
"[A decisão] permite que coloquemos um fato simples perante o mundo: o governo de Israel quer entrar em negociações com os palestinos, está
dando passos práticos para fazê-lo e está muito sério em suas
intenções de promover a paz",
disse o premiê israelense.
Logo após a votação no gabinete, Netanyahu convocou a
imprensa para explicar que o
congelamento se aplica somente a novos projetos residenciais. As construções em andamento, assim como a de prédios públicos, como sinagogas e
escolas, irão continuar.
Sem querer responder a perguntas dos jornalistas, ele deixou claro que a decisão não se
aplica a nenhuma área de Jerusalém, onde a construção não
será limitada.
Netanyahu reiterou ainda
que depois dos dez meses de
moratória a construção nos assentamentos será retomada.
Capturada por Israel em
1967, juntamente com a Cisjordânia, a parte leste de Jerusalém é considerada pelos palestinos um território ocupado e é
onde pretendem instalar a capital de seu futuro Estado.
Assim, disse ontem o premiê
palestino, Salam Fayad, o plano
de Netanyahu é inaceitável.
"Não estamos querendo o
reinício do processo de paz só
para negociar", disse Fayad.
"Isso não é novo. A exclusão de
Jerusalém é um problema muito sério para nós."
"Oportunidade"
Para Netanyahu, a decisão de
suspender a colonização da
Cisjordânia transfere para os
palestinos a responsabilidade
por encerrar o impasse nas negociações.
"Espero que os palestinos e o
mundo árabe aproveitem esta
oportunidade para avançar no
caminho da paz", apelou o premiê, lembrando seu apoio à solução de dois Estados.
Além da oposição palestina, a
iniciativa também despertou
revolta entre a extrema direita
israelense. Para Michael Ben-Ari, deputado do partido União
Nacional, que integra a coalizão
governista, o premiê ganhou de
seu gabinete "o direito de levar
Israel ao desastre".
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