São Paulo, quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Israel congela colônias na Cisjordânia por 10 meses

Iniciativa é rejeitada pelos palestinos por não contemplar Jerusalém Oriental

Paralisação atinge apenas novos empreendimentos residenciais; construções em andamento e prédios públicos podem continuar


MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, anunciou ontem o congelamento da construção de novas residências na Cisjordânia por dez meses, no que qualificou como um gesto de boa vontade para que os palestinos voltem às negociações.
Mas a liderança palestina rejeitou o plano antes mesmo de sua aprovação pelo gabinete israelense, reiterando que só retomará o diálogo se a construção de assentamentos for totalmente suspensa nas áreas ocupadas por Israel, inclusive em Jerusalém Oriental.
Para obter a aprovação de seu governo, dominado por forças de direita que resistem a concessões territoriais, Netanyahu disse que a decisão é "dolorosa", mas essencial para reduzir a pressão internacional sobre Israel e defender os interesses do país.
"[A decisão] permite que coloquemos um fato simples perante o mundo: o governo de Israel quer entrar em negociações com os palestinos, está dando passos práticos para fazê-lo e está muito sério em suas intenções de promover a paz", disse o premiê israelense.
Logo após a votação no gabinete, Netanyahu convocou a imprensa para explicar que o congelamento se aplica somente a novos projetos residenciais. As construções em andamento, assim como a de prédios públicos, como sinagogas e escolas, irão continuar.
Sem querer responder a perguntas dos jornalistas, ele deixou claro que a decisão não se aplica a nenhuma área de Jerusalém, onde a construção não será limitada.
Netanyahu reiterou ainda que depois dos dez meses de moratória a construção nos assentamentos será retomada.
Capturada por Israel em 1967, juntamente com a Cisjordânia, a parte leste de Jerusalém é considerada pelos palestinos um território ocupado e é onde pretendem instalar a capital de seu futuro Estado.
Assim, disse ontem o premiê palestino, Salam Fayad, o plano de Netanyahu é inaceitável.
"Não estamos querendo o reinício do processo de paz só para negociar", disse Fayad. "Isso não é novo. A exclusão de Jerusalém é um problema muito sério para nós."

"Oportunidade"
Para Netanyahu, a decisão de suspender a colonização da Cisjordânia transfere para os palestinos a responsabilidade por encerrar o impasse nas negociações.
"Espero que os palestinos e o mundo árabe aproveitem esta oportunidade para avançar no caminho da paz", apelou o premiê, lembrando seu apoio à solução de dois Estados.
Além da oposição palestina, a iniciativa também despertou revolta entre a extrema direita israelense. Para Michael Ben-Ari, deputado do partido União Nacional, que integra a coalizão governista, o premiê ganhou de seu gabinete "o direito de levar Israel ao desastre".


Texto Anterior: Mujica será eleito no Uruguai, diz pesquisa
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.