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ANÁLISE
Netanyahu busca aliviar tensão com Washington
DE JERUSALÉM
No errático e por ora infrutífero esforço do governo Obama
para injetar oxigênio no moribundo processo de paz entre israelenses e palestinos, a imposição de restrições à construção
nos territórios palestinos ocupados representa um gesto claro de Binyamin Netanyahu para aliviar as tensões recentes
entre Israel e Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, os palestinos navegam em direção contrária, afirmando com todas as
letras a sua decepção com a falta de pulso da Casa Branca com
Israel e chegando a sugerir que
chegou a hora de outro país assumir a mediação: ninguém
menos que o Brasil.
Debatido à exaustão pela mídia israelense, a falta de empatia entre Obama e Netanyahu
levou ao pior momento na relação entre EUA e Israel de que se
tem notícia.
Há pouco mais de uma semana, num ato descrito como humilhante pelos comentaristas,
o premiê israelense teve que esperar até o último momento
para saber se iria ser recebido
por Obama, num forte contraste com a tradicional "relação
especial" que os dois países têm
desde a fundação de Israel.
Da reunião em Washington,
descrita como tensa, teria saído
o compromisso israelense de limitar as construções nos territórios palestinos. Ontem, ao
anunciar o plano, Netanyahu
não escondeu seu desejo de
agradar aos americanos e aliviar as críticas a Israel.
"Já disse algumas vezes que
minha intenção é trabalhar
com decisão com o governo
americano e nossos amigos no
mundo para chegar a um acordo estável para o Estado de Israel", afirmou Netanyahu.
Apesar da carência de novas
ideias para romper o impasse e
de estar com recursos e atenção
desviados para o Iraque e o Afeganistão, os EUA continuam
sendo considerados insubstituíveis na mediação entre israelenses e palestinos.
O problema é que, após oito
anos de governo Bush, em que
Israel se viu quase livre de pressões americanas, a liderança
palestina esperava que Obama
promovesse uma virada. Como
isso não ocorreu, os palestinos
passaram a desafiar abertamente a capacidade americana.
Em passagem pela Argentina
logo após visitar o Brasil, o presidente palestino, Mahmoud
Abbas, foi duro com Obama, dizendo que ele "não está fazendo nada" para permitir a volta
das negociações. Em seguida,
sugeriu que o presidente Lula
seria mais eficiente.
"Ele pode fazê-lo, pois tem
boas relações com os dois lados
do conflito. Acho que pode ajudar", disse Abbas.
(MARCELO NINIO)
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