São Paulo, quinta-feira, 26 de novembro de 2009

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ANÁLISE

Netanyahu busca aliviar tensão com Washington

DE JERUSALÉM

No errático e por ora infrutífero esforço do governo Obama para injetar oxigênio no moribundo processo de paz entre israelenses e palestinos, a imposição de restrições à construção nos territórios palestinos ocupados representa um gesto claro de Binyamin Netanyahu para aliviar as tensões recentes entre Israel e Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, os palestinos navegam em direção contrária, afirmando com todas as letras a sua decepção com a falta de pulso da Casa Branca com Israel e chegando a sugerir que chegou a hora de outro país assumir a mediação: ninguém menos que o Brasil.
Debatido à exaustão pela mídia israelense, a falta de empatia entre Obama e Netanyahu levou ao pior momento na relação entre EUA e Israel de que se tem notícia.
Há pouco mais de uma semana, num ato descrito como humilhante pelos comentaristas, o premiê israelense teve que esperar até o último momento para saber se iria ser recebido por Obama, num forte contraste com a tradicional "relação especial" que os dois países têm desde a fundação de Israel.
Da reunião em Washington, descrita como tensa, teria saído o compromisso israelense de limitar as construções nos territórios palestinos. Ontem, ao anunciar o plano, Netanyahu não escondeu seu desejo de agradar aos americanos e aliviar as críticas a Israel.
"Já disse algumas vezes que minha intenção é trabalhar com decisão com o governo americano e nossos amigos no mundo para chegar a um acordo estável para o Estado de Israel", afirmou Netanyahu.
Apesar da carência de novas ideias para romper o impasse e de estar com recursos e atenção desviados para o Iraque e o Afeganistão, os EUA continuam sendo considerados insubstituíveis na mediação entre israelenses e palestinos.
O problema é que, após oito anos de governo Bush, em que Israel se viu quase livre de pressões americanas, a liderança palestina esperava que Obama promovesse uma virada. Como isso não ocorreu, os palestinos passaram a desafiar abertamente a capacidade americana.
Em passagem pela Argentina logo após visitar o Brasil, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, foi duro com Obama, dizendo que ele "não está fazendo nada" para permitir a volta das negociações. Em seguida, sugeriu que o presidente Lula seria mais eficiente.
"Ele pode fazê-lo, pois tem boas relações com os dois lados do conflito. Acho que pode ajudar", disse Abbas. (MARCELO NINIO)


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