São Paulo, terça-feira, 26 de dezembro de 2006

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Etiópia ataca dois maiores aeroportos da Somália

União Africana convoca reunião de emergência para discutir conflito na quarta

Soldados do governo de transição somali, apoiados por etíopes, expulsaram forças islâmicas da cidade fronteiriça de Belet Weyne

Mohamed Sheikh Nor/Associated Press
Soldado islâmico vigia o aeroporto de Mogadishu após ataque


DA REDAÇÃO

Um dia após haver destruído um centro de recrutamento para militantes islâmicos, a Força Aérea etíope bombardeou ontem os dois principais aeroportos da Somália, enquanto forças em terra capturaram um vilarejo estratégico do país.
A União Africana defendeu a reconciliação e convocou uma reunião internacional nesta quarta, a fim de tentar evitar uma escalada militar na região. As ações de ontem, que não provocaram vítimas, reforçam os temores de que tenha início uma guerra regional na África.
No começo da manhã, os jatos de fabricação russa lançaram duas bombas sobre o aeroporto internacional da capital, Mogadício. Não se sabe se o alvo era o xeque Hassan Dahir Aweys, líder das Cortes Islâmicas -movimento popular que domina a capital e grande parte do sul do país desde junho-, que voava em direção ao local pouco antes do ataque.
O aeroporto de Baledogle (100 km da capital) também foi atingido. Além disso, tropas do governo de transição somali, apoiadas por etíopes, desalojaram forças islâmicas da cidade fronteiriça de Belet Weyne.
Anteontem, a Etiópia reconhecera pela primeira vez suas intenções militares contra a Somália. O primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, confirmou, em uma mensagem televisiva, que seu país entrou em guerra contra "forças terroristas" do país vizinho.
Forças do governo somali haviam matado 500 soldados islâmicos, a maioria da Eritréia, em dois dias de combate.

Dois governos
A Somália é hoje um país dividido entre os seguidores do governo internacionalmente reconhecido, mas politicamente fraco, sediado na cidade de Baidoa, e as forças islâmicas.
Desde que os islâmicos chegaram ao poder, a Etiópia está cada vez mais envolvida com a política interna da Somália, na tentativa de proteger o governo de transição do avanço das forças islâmicas. Mas a disputa entre os dois grupos se acirrou na semana passada.
Temerosos de uma expansão da influência islâmica e do potencial da Somália de virar um novo front em sua "guerra ao terror" no geograficamente estratégico Chifre da África, os EUA apóiam a Etiópia.
Analistas aventam agora a possibilidade de as tropas etíopes avançarem até Mogadício para tentar aniquilar os militantes islâmicos.
A Somália, quase inteiramente muçulmana, e a Etiópia, majoritariamente cristã, mantiveram confrontos sangrentos por vários anos. Os dois países se enfrentaram em uma guerra costeira em 1977 e em 1978, quando forças somalis tentaram conquistar uma área de fronteira e acabaram desmoralizadas pelos soldados etíopes. Os colapsos levaram à queda do governo central em Mogadício, em 1991, que seria seguido por 15 anos de anarquia.


Com agências internacionais


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