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Chávez anuncia detalhes hoje sobre soltura de reféns
Mãe de seqüestrada diz esperar que libertação coincida com entrevista de venezuelano
Expectativa primeira era
que, após anúncio no dia 18,
Farc soltassem Clara Rojas,
o filho de 3 anos e Consuelo
Perdomo antes do Natal
RICARDO WESTIN
ENVIADO ESPECIAL A CARACAS
Após dias de indefinição, o
presidente da Venezuela, Hugo
Chávez, convocou uma entrevista coletiva para a manhã de
hoje em que diz que dará detalhes sobre como as Farc (Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia) farão a prometida libertação de três reféns colombianos. Parentes das vítimas disseram ter a esperança
de que nesse evento Chávez
apresente os seqüestrados.
Esperava-se, conforme divulgara a imprensa colombiana, que Clara Rojas, seu filho
Emmanuel e Consuelo Perdomo fossem postos em liberdade
entre domingo e ontem e entregues a seus respectivos familiares por Chávez como um
"presente de Natal" -o que não
havia ocorrido até a conclusão
desta edição.
"Na entrevista coletiva da
quarta-feira [hoje], o presidente Chávez falará da fórmula para a libertação dos três reféns",
disse à Folha o ministro venezuelano da Comunicação e Informação, Willian Lara. Questionado se Chávez revelaria onde e quando seria a libertação,
o ministro afirmou que não poderia dar mais detalhes.
As atenções se concentram
na Venezuela porque os guerrilheiros anunciaram no último
dia 18 que colocariam três reféns em liberdade como "ato de
desagravo" a Hugo Chávez.
Chávez vinha participando
das negociações para a troca de
500 guerrilheiros presos na
Colômbia por 45 reféns "estratégicos" das Farc -como a ex-candidata à Presidência da Colômbia Ingrid Betancourt.
Mas em novembro foi tirado
do processo pelo presidente Álvaro Uribe, por ter telefonado
para o comandante do Exército
da Colômbia, algo que o colombiano diz não ter autorizado.
Desde então a relação entre os
dois vizinhos, que passava por
seu melhor momento, piorou.
A libertação unilateral não
faz parte da estratégia usual
das Farc. Seria uma provocação ao direitista Uribe, aliado
dos EUA de quem o grupo exige a renúncia e a quem acusa de
atrapalhar as operações para a
soltura dos reféns.
Familiares
Clara Rojas, 44, era assessora
da franco-colombiana Ingrid
Betancourt em sua campanha
presidencial e foi seqüestrada
com ela em 2002. Seu filho Emmanuel, 3, nasceu no cativeiro,
resultado de uma relação com
um guerrilheiro. Consuelo
González de Perdomo, 57, é ex-deputada e foi levada em 2001.
Ingrid Betancourt completou 46 anos ontem -seu sexto
aniversário no cativeiro. Entre
a sexta-feira e o domingo, o marido dela, Juan Carlos Lacompte, sobrevoou a região amazônica em um avião alugado e jogou mais de 20 mil fotos dos
dois filhos de Ingrid, como um
presente de aniversário e Natal.
Clara González, mãe de Clara
Rojas, apareceu ontem nas
emissoras de TV da Colômbia e
da Venezuela mostrando os
presentes da Natal que comprara para o neto que ainda não
conhece. "Espero que libertação seja amanhã [hoje] mesmo", disse ela, em Bogotá.
O presidente da Colômbia
fez, na noite de segunda-feira,
uma saudação de Natal aos parentes dos militares e civis que
são reféns das Farc.
"No dia de Natal, mando uma
saudação às famílias de 750 seqüestrados pelas Farc nos últimos dez anos", afirmou, num
discurso a militares no norte do
país. "Tenho a esperança de
que serão libertados rapidamente."
Álvaro Uribe fez uma referência direta ao menino nascido em poder das Farc: "A situação de Emmanuel tem sido pior
do que a dos filhos das escravas,
porque em algum momento da
humanidade os filhos das escravas nasciam livres. Emmanuel, filho de uma compatriota
seqüestrada, nasceu seqüestrado e continua seqüestrado."
Com agências internacionais
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