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Ainda sob ameaça, TV volta ao ar no Equador
Após ter sinal suspenso por três dias, canal crítico ao presidente Rafael Correa pode sofrer novas sanções
DA REDAÇÃO
A Teleamazonas, um dos
principais canais privados de
TV do Equador, retomou ontem suas transmissões após
três dias fora do ar em cumprimento a uma sanção do governo por "veiculação de informações incorretas".
Crítica ao governo do esquerdista Rafael Correa, a TV do
banqueiro Fidel Egas, considerado um dos mais poderosos do
país, pode, contudo, sair do ar
novamente, por responder a
outro processo administrativo
-o quarto em 2009- na estatal
Supertel (Superintendência de
Comunicações).
A última sanção foi o auge de
uma guerra de nervos que se arrasta desde 2008, quando a nova Constituição equatoriana,
aprovada sob auspícios de Correa, vetou a participação do setor financeiro em meios de comunicação. Por isso, a Teleamazonas, do Banco del Pichincha, de Egas, tem menos de um
ano para trocar de dono.
Apenas em 2009, a Supertel
já havia aberto dois processos
contra a Teleamazonas -um
por veicular touradas em horário nobre e outro por denunciar
possíveis fraudes eleitorais na
eleição de abril.
O terceiro veio em maio, por
notícia sobre supostos prejuízos a pescadores pelas atividades da petroleira estatal venezuelana PDVSA -o presidente
da Venezuela, Hugo Chávez, é
aliado de Correa. Um terminal
da PDVSA chegou a ser invadido depois por pescadores.
Baseada na atual lei de rádio
e TV do país, da ditadura de
Guillermo Rodríguez Lara
(1972-1976), que pune a difusão
de "notícias baseadas em suposições que possam produzir
prejuízo ou comoções sociais
ou públicas", a Supertel apontou reincidência pelo caso de
maio e tirou a TV do ar.
A medida causou polêmica
no país, pois veio no exato momento em que o Legislativo
discute uma nova regulação para o setor, iniciativa de Correa
vista pela oposição como tentativa de controlar a mídia.
Enquanto o canal diz que a
punição é ilegal -para a ONG
Repórteres sem Fronteiras, foi
"censura desproporcional"-, o
presidente defendeu o caráter
técnico da sanção e disse que "a
lei é para todos".
A Teleamazonas responde
ainda a um quarto procedimento, por ter entrevistado em
agosto um opositor que divulgou gravação clandestina na
qual Correa conversa com funcionários sobre supostas alterações no texto constitucional
após sua aprovação.
Já o Congresso deve retomar
em janeiro as discussões sobre
a nova lei de mídia, justamente
após acordo entre governo e
oposição para retirada de pontos polêmicos do projeto, como
a possibilidade do novo Conselho de Comunicação sancionar
os meios de comunicação com
multas ou até fechamento.
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