São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

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Europeus reagem com apreensão e pressão

FÁBIO VICTOR
DE LONDRES

Um misto de apreensão e pressão, mais esta do que aquela, marcou a reação dos líderes europeus à vitória do Hamas. A posição unânime é que o grupo extremista só será reconhecido e terá relações diplomáticas estáveis com a região se se comprometer a abandonar o terrorismo.
O continente que mais ajuda financeiramente os palestinos também foi pego de surpresa com a abertura das urnas. Na próxima segunda-feira haverá uma reunião entre os ministros do Exterior da União Européia (UE) em Bruxelas para tratar do assunto. "Esse resultado nos confronta com uma situação inteiramente nova", justificou o diretor de política exterior da UE, Javier Solana.
"É muito difícil para nós estar numa posição de negociar com o Hamas, a menos que haja uma renúncia muito clara ao terrorismo", disse, por meio de porta-voz, o premiê britânico, Tony Blair. Na França, o premiê Dominique de Villepin se declarou "preocupado" com o futuro das relações da UE com os palestinos. Ele observou que "a renúncia à violência e o reconhecimento de Israel e dos acordos internacionais são condições indispensáveis" para que a França trabalhe com o novo governo palestino.
Para o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi "tudo o que nós esperamos, a chance de paz entre Israel e Palestina, será adiado não se sabe até quando".
O principal suporte financeiro dos palestinos vem da UE, que, entre recursos da Comissão Européia e dos 25 países-membros, envia cerca de 500 milhões por ano para reconstrução da faixa de Gaza e da Cisjordânia e para programas sociais e humanitários.
"Trabalharemos com aqueles que estiverem de acordo com o progresso da paz por meios pacíficos", disse a comissária européia de Relações Exteriores, Benita Ferrero Waldner. A reação dos líderes abre dúvidas quanto à manutenção da ajuda financeira num governo do Hamas.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que participa do Fórum Econômico Mundial em Davos, ligou para o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abas, para cumprimentá-lo pelo "desenvolvimento pacífico" das eleições, mas engrossou a pressão sobre o Hamas. "Qualquer grupo que deseja participar do processo democrático deve se desarmar."

Brasil
Em nota divulgada ontem, o Itamaraty afirmou que o governo brasileiro "expressa sua satisfação com o transcurso, em clima de completa tranqüilidade", das eleições palestinas. Ainda segundo a nota, o Brasil "espera que o processo democrático conduza ao estabelecimento do Estado palestino independente e soberano, em coexistência pacífica com Israel".


Com agências internacionais

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