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Europeus reagem com apreensão e pressão
FÁBIO VICTOR
DE LONDRES
Um misto de apreensão e pressão, mais esta do que aquela, marcou a reação dos líderes europeus
à vitória do Hamas. A posição
unânime é que o grupo extremista só será reconhecido e terá relações diplomáticas estáveis com a
região se se comprometer a abandonar o terrorismo.
O continente que mais ajuda financeiramente os palestinos também foi pego de surpresa com a
abertura das urnas. Na próxima
segunda-feira haverá uma reunião entre os ministros do Exterior da União Européia (UE) em
Bruxelas para tratar do assunto.
"Esse resultado nos confronta
com uma situação inteiramente
nova", justificou o diretor de política exterior da UE, Javier Solana.
"É muito difícil para nós estar
numa posição de negociar com o
Hamas, a menos que haja uma renúncia muito clara ao terrorismo", disse, por meio de porta-voz, o premiê britânico, Tony
Blair. Na França, o premiê Dominique de Villepin se declarou
"preocupado" com o futuro das
relações da UE com os palestinos.
Ele observou que "a renúncia à
violência e o reconhecimento de
Israel e dos acordos internacionais são condições indispensáveis" para que a França trabalhe
com o novo governo palestino.
Para o primeiro-ministro da
Itália, Silvio Berlusconi "tudo o
que nós esperamos, a chance de
paz entre Israel e Palestina, será
adiado não se sabe até quando".
O principal suporte financeiro
dos palestinos vem da UE, que,
entre recursos da Comissão Européia e dos 25 países-membros, envia cerca de 500 milhões por
ano para reconstrução da faixa de
Gaza e da Cisjordânia e para programas sociais e humanitários.
"Trabalharemos com aqueles
que estiverem de acordo com o
progresso da paz por meios pacíficos", disse a comissária européia
de Relações Exteriores, Benita
Ferrero Waldner. A reação dos líderes abre dúvidas quanto à manutenção da ajuda financeira
num governo do Hamas.
O secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, que participa do Fórum
Econômico Mundial em Davos,
ligou para o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abas,
para cumprimentá-lo pelo "desenvolvimento pacífico" das eleições, mas engrossou a pressão sobre o Hamas. "Qualquer grupo
que deseja participar do processo
democrático deve se desarmar."
Brasil
Em nota divulgada ontem, o Itamaraty afirmou que o governo
brasileiro "expressa sua satisfação
com o transcurso, em clima de
completa tranqüilidade", das eleições palestinas. Ainda segundo a
nota, o Brasil "espera que o processo democrático conduza ao estabelecimento do Estado palestino independente e soberano, em
coexistência pacífica com Israel".
Com agências internacionais
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