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GUERRA SEM LIMITES
Parlamento Europeu sugere que pode convidar o vice americano, além de Rumsfeld e Rice, para falar do caso
UE quer ouvir Cheney sobre prisões da CIA
IURI DANTAS
DE WASHINGTON
O comitê de investigação do
Parlamento Europeu sobre as supostas prisões secretas mantidas
pela CIA (agência de inteligência
dos EUA) no continente indicou
ontem que poderá convidar o vice-presidente americano, Dick
Cheney, e os secretários da Defesa, Donald Rumsfeld, e de Estado,
Condoleezza Rice, para esclarecer
dúvidas sobre o polêmico caso.
"Não vejo por que não devamos
convidar Rumsfeld e Cheney. Tenho certeza de que seriam muito
bem-vindos e seriam ouvidos
com grande interesse. Ou talvez
Rice, por que não?", afirmou Sarah Ludford, vice-presidente do
comitê do Parlamento Europeu.
Como o comitê não tem poder
para intimá-los, Ludford adiantou também que a demonstração
de falta de vontade de cooperar
poderá levar o grupo a tirar suas
próprias conclusões.
A existência das prisões secretas, noticiada em novembro, nunca foi negada por autoridades
americanas. Seriam 19 postos
mantidos pela CIA em solo estrangeiro para torturar suspeitos
de terrorismo.
Diante das denúncias, o Parlamento Europeu criou o comitê
para investigar o assunto. Ontem,
o português Carlos Coelho foi
eleito presidente do grupo, que
trabalhará por quatro meses.
As prisões secretas da CIA e as
condições dos prisioneiros Guantánamo, em Cuba, forçaram a Casa Branca a apoiar uma lei em
2005 banindo a tortura praticada
por civis ou militares americanos.
Ontem, o presidente George W.
Bush foi contundente ao afirmar
que nenhum americano está autorizado a praticar tortura. Durante entrevista de 50 minutos,
Bush abordou também outro tema polêmico: a espionagem de
comunicações telefônicas e eletrônicas em solo americano.
A operação, chamada pela imprensa dos EUA de espionagem
da NSA (Agência de Segurança
Nacional) foi "batizada" por Bush
nesta semana de "programa de vigilância de terrorismo".
Lideranças do Partido Democrata questionam a legalidade do
programa. Segundo uma lei de
1978, o governo precisa de autorização de um tribunal secreto para
monitorar contatos mantidos em
solo americano.
Bush e sua equipe têm dito que a
ampliação de poderes concedida
a ele após o 11 de Setembro asseguram a legalidade. Ontem, desaprovou a idéia de uma nova lei para o assunto.
"Quero me certificar que as pessoas entendam que, se a idéia é escrever uma lei que vá provavelmente expor a natureza desse
programa, vou resistir a ela. E
penso que o povo americano vai
entender a razão. Por que contar
ao inimigo o que estamos fazendo
se o programa é necessário para
nos proteger do inimigo? E está. E
é legal", disse.
Lobby
O presidente americano negou
ontem conhecer pessoalmente o
megalobista Jack Abramoff, um
dos principais arrecadadores de
sua campanha. Admitiu, porém,
aparecer em algumas fotos com
ele, mas apenas por questões ocasionais. "O povo americano precisa ter confiança na ética de todas
as instâncias do governo. (...) Tenho fotos minhas com ele [Abramoff], evidentemente. Muitas fotos minhas foram tiradas com um
monte de gente. Ter minha foto
com alguém não significa que sou
amigo dele", afirmou.
Com agências internacionais
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