São Paulo, terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Índice

Hospitais começam a voltar à normalidade

DO ENVIADO À FAIXA DE GAZA

As transferências de cerca de 300 feridos em estado grave ao Egito e doações internacionais de equipamentos e remédios à faixa de Gaza deixaram para trás o caos que prevaleceu no hospital Shifa, durante os dias da ofensiva militar de Israel.
Maior hospital do território, lá morreram ou chegaram sem vida cerca de 900 (quase 70%) dos mais de 1.300 mortos nos ataques, segundo o subdiretor, Fadel Tafish. Nos primeiros dias de guerra, muitos feridos foram atendidos no jardim do hospital, que perdeu um dos geradores de energia, danificado por um ataque.
Foram levados ao país vizinho os casos mais críticos de amputações, além de pacientes crônicos que precisam de outros procedimentos complexos, como de transplantes e cirurgias cardíacas e cerebrais. Continuam sendo tratados lá muitos queimados por bombas.
Durante a guerra, os médicos locais lutavam ainda contra a precária infraestrutura e a falta de equipamentos básicos. Muitas máquinas não funcionavam por falta de peças, e faltavam remédios.
Segundo o subdiretor Tafish, dezenas de pessoas morreram porque demoraram a ser levadas para lá, durante os bombardeios. "Quando chegavam, já tinham perdido sangue demais. Não tivemos tempo para salvá-las", diz ele, que só se refere aos mortos como "mártires".
Duas ambulâncias destroçadas por disparos de artilharia jaziam no pátio do Shifa na tarde de ontem.
Na Unidade de Tratamento Intensivo, visitada pela Folha, a situação aparentava estar sob controle, com equipamentos modernos e funcionando. Havia três leitos vazios.
Com um coágulo no cérebro causado por um tiro de fuzil, Ahmad Hassanin, 10, era um dos internados. Segundo um médico da UTI, ele tinha boas chances de se recuperar.
Atuando no hospital é possível ver médicos de diferentes organizações internacionais.
Um médico do grupo turco Doctors Worldwide afirmou que chegaram máquinas novas e mais de 200 diferentes tipos de remédios para os pacientes.
Todas as especialidades estão cobertas, e já há material e médicos suficientes para tratar das vítimas, informou a organização. Um especialista americano em cirurgia plástica contou que fará quatro operações de mãos de vítimas de queimaduras e outros procedimentos de enxerto de pele de uma parte para outra do corpo.
"Os médicos estrangeiros estão nos ajudando muito e salvando pacientes", disse Tafish.


Texto Anterior: Hamas retoma contato com Fatah após 19 meses
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.