São Paulo, quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

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"Companheiro" de deposto vai agora ajudar o Haiti

DO ENVIADO A TEGUCIGALPA

A saída de Manuel Zelaya será um alívio para o encarregado de negócios da Embaixada do Brasil em Honduras, Francisco Catunda. Mas por pouco tempo: o seu próximo posto é na República Dominicana, onde o Itamaraty montou uma base de operações por causa da emergência no Haiti.
Os últimos quatro meses não foram fáceis para o diplomata que autorizou, após consulta ao Itamaraty, a entrada de Zelaya na embaixada, no distante 21 de setembro. Nos confusos primeiros dias, quando havia mais de 300 pessoas, ele dormiu no sofá de sua sala.
Pouco depois, com a chegada do enviado do chanceler Celso Amorim, Lineu de Paula, ele pôde deixar a representação, à qual fazia visitas regulares.
Catunda voltou dormir na embaixada a partir de 12 de novembro, quando De Paula saiu. Desde então, se reveza em turno de 24 horas com o assistente de Chancelaria Wilson Batista no plantão ao lado de Zelaya. Até ontem, foram 41 dias dormindo no escritório, segundo seus cálculos, incluindo a noite de Natal.
Catunda também se viu obrigado a transformar a sua casa em embaixada: no quarto do seu filho, que não mora em Honduras, instalou os serviços consulares da embaixada, onde atendia casos de emergência, como emissão de passaportes e de vistos -a Embaixada do Brasil em Tegucipalpa volta a ser aberta ao público na próxima segunda-feira.
Aos 61 anos, Catunda está próximo da aposentadoria: Santo Domingo, para onde embarca na segunda, será seu décimo e último posto. Lá, tentará se recuperar dos problemas de sono e da pressão alta, resultados do estresse dos últimos quatro meses.
Sobre a nova rotina, onde dividirá seu escritório com outros dois diplomatas enviados para reforçar a embaixada, Catunda disse que não teme o trabalho extra por causa da crise haitiana. "A República Dominicana é um pais alegre e com relações normais com o Brasil. Porque é muito difícil trabalhar dormindo com o inimigo."
Em entrevista recente no Haiti, o secretário-geral do Itamaraty, Antônio Patriota, disse que Catunda não será incluído no esquema de rodízio entre os diplomatas que estão no Haiti e os que estão no país vizinho. "Ele já deu a sua contribuição."
Outro consolo para Catunda é que Zelaya, que deve embarcar hoje para a República Dominicana, provavelmente já terá partido rumo ao exílio no México quando o diplomata finalmente chegar lá. (FM)


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