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Lula anuncia visita ao Haiti
ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A PORTO ALEGRE
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem que
visitará o Haiti em 25 de fevereiro. Anunciou ainda a construção de uma unidade de
pronto atendimento de 2.160
m2 no país e o envio de mais
médicos e voluntários da área
da saúde do Brasil.
Ao participar ontem do Fórum Social Mundial, em Porto
Alegre, Lula atribuiu a responsabilidade pela falta de estrutura do Haiti aos países ricos.
O presidente foi convidado a
comentar tópicos de preocupação dos frequentadores do
evento. Um deles foi o papel
dos EUA no Haiti -foi pedido a
Lula que o Brasil evite que
Washington se utilize da ação
de ajuda humanitária para ocupar permanentemente o país.
O presidente não citou os
EUA em sua resposta, mas disse: "Nós ensinamos como uma
força de paz pode ser uma força
de paz sem ter ingerência nas
decisões políticas ou praticar
violência", disse.
"Todos nós deveríamos estar
indignados com o mundo desenvolvido que é responsáveis
pelo que aconteceu no Haiti",
disse Lula, afirmando que o
Brasil "fará a sua parte".
"É mais que descaso, é falta
de respeito", continuou, dizendo ter cobrado mais dinheiro
para o governo haitiano nos últimos cinco anos.
Segundo o presidente, há um
grande número de pessoas que
pedem para viajar ao país como
voluntários, e será preciso criar
estrutura para o atendimento
antes de levar mais médicos e
enfermeiros.
Gabinete de crise
Também ontem, durante visita O ministro do Gabinete de
Segurança Institucional, o general Jorge Felix, afirmou ontem que a maior prioridade na
reconstrução do Haiti deve ser
a criação de empregos por meio
de frentes de trabalho para a retirada de escombros e reconstrução de moradias.
Ele afirmou que o Brasil deve
enviar em um primeiro momento barracas para que os
haitianos melhorem seus
acampamentos e passem a ter
um endereço. Também deve fazer parte da ajuda brasileira a
doação de fogões para o preparo de alimentos. Primeiro fogões e panelas de uso coletivo e
depois fogareiros individuais,
alimentados com etanol, para
que cada família possa preparar
sua comida.
O ministro disse ainda que
em fevereiro em vez enviar comida pronta, como está fazendo atualmente, o Brasil passara
a doar comida que precisa ser
cozinhada. Afirmou ainda que
pelo menos US$ 5 milhoes dos
R$ 15 milhões que já foram
doados devem ser empregados
pela ONU em frentes de trabalho para a remoção de escombros.
"Há uma preocupação grande de dar uma ocupação a essas
pessoas, e trabalho é o que não
vai faltar", disse ele. O ministro
afirmou porém que na cabe só
ao Brasil definir o que será feito. Tudo vem sendo discutido
com a ONU e o governo haitiano.
Felix visitou ontem o Haiti
para montar um gabinete de
crise na capital haitiana. Ele estava em companhia do embaixador Antonio Simões, subsecretário para a América Latina,
que voltou a se referir ao Plano
Lula - a tentativa brasileira de
assumir a liderança da reconstrução do país. Simões se mostrou otimista em relação à Conferencia Preparatória Ministerial em favor do Haiti que reuniu anteontem 20 países e instituições Multilaterais no Canadá e definiu que será o próprio Haiti que liderará sua recuperação.
Colaborou LUIS KAWAGUTI, em Porto Príncipe
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