São Paulo, quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

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Partido oficial desiste de eleição haitiana

Legenda do presidente Préval anuncia retirada de seu candidato do 2º turno, seguindo recomendação da OEA

Decisão abre caminho para que votação final ocorra entre dois nomes ligados à oposição; OEA apontou irregularidade

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Após dias de pressão tanto da ONU como de países doadores do Haiti, entre eles o Brasil, o partido do presidente do país caribenho, René Préval, o Inité, anunciou ontem a retirada do seu candidato, Jude Célestin, da indefinida disputa presidencial.
A decisão da legenda -divulgada em um comunicado não assinado por Célestin- abre caminho para que o segundo turno da eleição seja um confronto entre os oposicionistas Mirlande Manigat e Michel Martelly.
Até o fechamento desta edição, o candidato governista não havia se pronunciado. Desde a noite anterior o jornal local "Le Nouvelliste" reportava que Célestin resistia a renunciar e que a base de Préval estava dividida.
O duelo entre oposicionistas no segundo turno era justamente o que recomendava o relatório da OEA (Organização dos Estados Americanos) que auditou os resultados do controvertido primeiro turno, marcado por fraude e desorganização.
O informe contrariava os resultados do CEP (Conselho Eleitoral Provisório) -formalmente independente, mas dominado pelo governo-, que colocavam Célestin no segundo turno.
O documento da OEA foi endossado pela Minustah, a missão da ONU no Haiti, pelos EUA e pela França.
Para aumentar a pressão, Washington cancelou na sexta passada vistos de funcionários do governo Préval.
Após usar tom mais ameno o Brasil, que chefia militarmente a Minustah, lançou nota para apoiar "as conclusões" da OEA.

SOLUÇÃO
A decisão de retirar a candidatura governista é a tentativa de forjar uma saída um pouco mais honrosa para o isolado Préval.
"Em nome do lema da estabilidade, a comunidade internacional aceitou gestionar a fraude de um CPE partidarizado e incompetente. [...] Com a saída de Célestin, Préval salva a cara", disse à Folha Hérard Jadotte, autor de "Le Carnaval de la Révolution, de Duvalier à Aristide" (o Carnaval da Revolução, de Duvalier a Aristide).
No comunicado de ontem, o governista Inité pede que a população e simpatizante permaneçam em "calma".
Durante os dias de expectativa pela definição eleitoral, analistas afirmavam que era alta a probabilidade de ocorrerem episódios de violência qualquer que fosse a solução apresentada.
Não há data ainda para a realização do segundo turno, e a pressão continua para que o CEP publique os resultados na próxima segunda e convoque a votação.
O presidente Préval termina formalmente o mandato em 7 de fevereiro, mas defende interpretação de que pode ficar no cargo até maio. Aceitar essa solução ou formar um governo provisório é outro elemento de negociação na crise política.


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