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São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 2003

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122 trabalhistas votam contra Blair

DA REDAÇÃO

O premiê britânico, Tony Blair, conseguiu obter a aprovação do Parlamento britânico ontem à sua política com relação à crise iraquiana. Apesar da vitória, Blair enfrentou a maior oposição dentro de seu Partido Trabalhista em seis anos de governo.
A votação em Londres não tinha como objetivo definir se o Reino Unido deve ou não ir à guerra contra Saddam Hussein.
Por 434 votos a 124, os deputados aprovaram uma moção do governo que apóia os esforços do premiê em busca de uma solução negociada na ONU e chama o Iraque a "reconhecer esta como a sua última oportunidade para se desarmar".
Os políticos contrários a uma ofensiva militar contra Bagdá foram derrotados, por 393 a 199, ao tentar inserir uma emenda ao texto aprovado que dizia que "a necessidade de uma ação militar contra o Iraque ainda não está comprovada".
Entre os 199 que apoiaram essa emenda antiguerra estavam 122 dos 410 deputados trabalhistas -um retrato da insatisfação com a política de Blair dentro do partido do governo. Ironicamente, a oposição conservadora é a favor da posição alinhada aos EUA que o premiê vem adotando.
Pesquisas de opinião mostram uma crescente oposição à guerra entre a população do Reino Unido. Pelo menos 750 mil pessoas marcharam em Londres contra um ataque a Bagdá, na maior manifestação da história da cidade.
O chanceler Jack Straw declarou ontem que a Câmara dos Comuns (deputados) será novamente consultada se houver uma escalada rumo ao conflito, mas advertiu que, para proteger os soldados britânicos, é possível que essa votação seja feita após a guerra ter sido iniciada. Cerca de 45 mil militares do país estão prontos para tomar parte num eventual ataque.
A crise sobre o desarmamento do Iraque movimentou também ontem os parlamentares da França e da Espanha. Enquanto em Paris o governo tem conquistado grande popularidade ao pedir mais tempo aos inspetores e ao se opor aos EUA, em Madri, o governo do premiê José Maria Aznar, que se alinhou a Washington, é alvo de duras críticas.
Ao abrir um debate na Assembléia francesa, o premiê Jean-Pierre Raffarin afirmou que a França não apoiará a nova proposta de resolução contra Bagdá apresentada pelos EUA na ONU. Ele não especificou, porém, se Paris pretende vetá-la.
"Intervenção militar hoje, quando ainda não foram exploradas todas as chances de resolução pacífica, dividiria a comunidade internacional", declarou ele. "Não nos enganemos: isso seria visto como precipitado e ilegítimo." Raffarin disse ainda que o peso da opinião pública mundial está do lado da França.
Não houve votação na Assembléia francesa, mas o premiê e o presidente Jacques Chirac (de centro-direita) receberam apoio tanto de partidos de esquerda quanto de direita por sua posição contra a guerra. Chirac se reuniu ontem com o premiê espanhol, José María Aznar. "Temos o objetivo comum de eliminar as armas de destruição em massa do Iraque", disse Chirac em Paris. "Mas não temos a mesma visão sobre os meios que devem ser usados para se atingir esse objetivo."
Aznar defendeu a adoção da nova resolução proposta pelos americanos no Conselho de Segurança. Ele já admitiu que, ao apoiar a posição dos EUA, está perdendo popularidade. Ressaltou, porém, que sua opinião é uma questão de princípios, independentemente da política doméstica espanhola.


Com agências internacionais


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