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122 trabalhistas votam contra Blair
DA REDAÇÃO
O premiê britânico, Tony Blair,
conseguiu obter a aprovação do
Parlamento britânico ontem à sua
política com relação à crise iraquiana. Apesar da vitória, Blair
enfrentou a maior oposição dentro de seu Partido Trabalhista em
seis anos de governo.
A votação em Londres não tinha como objetivo definir se o
Reino Unido deve ou não ir à
guerra contra Saddam Hussein.
Por 434 votos a 124, os deputados aprovaram uma moção do
governo que apóia os esforços do
premiê em busca de uma solução
negociada na ONU e chama o Iraque a "reconhecer esta como a sua
última oportunidade para se desarmar".
Os políticos contrários a uma
ofensiva militar contra Bagdá foram derrotados, por 393 a 199, ao
tentar inserir uma emenda ao texto aprovado que dizia que "a necessidade de uma ação militar contra o Iraque ainda não está
comprovada".
Entre os 199 que apoiaram essa
emenda antiguerra estavam 122
dos 410 deputados trabalhistas
-um retrato da insatisfação com
a política de Blair dentro do partido do governo. Ironicamente, a
oposição conservadora é a favor
da posição alinhada aos EUA que
o premiê vem adotando.
Pesquisas de opinião mostram
uma crescente oposição à guerra
entre a população do Reino Unido. Pelo menos 750 mil pessoas
marcharam em Londres contra
um ataque a Bagdá, na maior manifestação da história da cidade.
O chanceler Jack Straw declarou
ontem que a Câmara dos Comuns
(deputados) será novamente consultada se houver uma escalada
rumo ao conflito, mas advertiu
que, para proteger os soldados
britânicos, é possível que essa votação seja feita após a guerra ter
sido iniciada. Cerca de 45 mil militares do país estão prontos para
tomar parte num eventual ataque.
A crise sobre o desarmamento
do Iraque movimentou também
ontem os parlamentares da França e da Espanha. Enquanto em
Paris o governo tem conquistado
grande popularidade ao pedir
mais tempo aos inspetores e ao se
opor aos EUA, em Madri, o governo do premiê José Maria Aznar, que se alinhou a Washington, é alvo de duras críticas.
Ao abrir um debate na Assembléia francesa, o premiê Jean-Pierre Raffarin afirmou que a França não apoiará a nova proposta de resolução contra Bagdá
apresentada pelos EUA na ONU.
Ele não especificou, porém, se Paris pretende vetá-la.
"Intervenção militar hoje,
quando ainda não foram exploradas todas as chances de resolução
pacífica, dividiria a comunidade
internacional", declarou ele. "Não
nos enganemos: isso seria visto
como precipitado e ilegítimo."
Raffarin disse ainda que o peso da
opinião pública mundial está do
lado da França.
Não houve votação na Assembléia francesa, mas o premiê e o
presidente Jacques Chirac (de
centro-direita) receberam apoio
tanto de partidos de esquerda
quanto de direita por sua posição
contra a guerra. Chirac se reuniu
ontem com o premiê espanhol,
José María Aznar. "Temos o objetivo comum de eliminar as armas
de destruição em massa do Iraque", disse Chirac em Paris. "Mas
não temos a mesma visão sobre os
meios que devem ser usados para
se atingir esse objetivo."
Aznar defendeu a adoção da nova resolução proposta pelos americanos no Conselho de Segurança. Ele já admitiu que, ao apoiar a
posição dos EUA, está perdendo
popularidade. Ressaltou, porém,
que sua opinião é uma questão de
princípios, independentemente
da política doméstica espanhola.
Com agências internacionais
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