São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2005

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ORIENTE MÉDIO

Governo israelense congela saída de soldados de cidades da Cisjordânia; autoria do ataque ainda é incerta

Israel culpa Síria e Jihad por atentado

DA REDAÇÃO

Israel responsabilizou a Síria e o grupo terrorista Jihad Islâmico pelo atentado suicida de sexta-feira à noite diante de uma boate em Tel Aviv. A ANP (Autoridade Nacional Palestina), numa tentativa de demonstrar energia contra o terror, prendeu ontem ao menos três suspeitos de terem relação com o ataque terrorista.
Israel, porém, não ameaçou retaliar a Síria. De acordo com o ministro israelense da Defesa, Shaul Mofaz, membros do ministério serão enviados durante a semana a Damasco, em uma ofensiva diplomática para discutir o assunto. "O ministro da Defesa avaliou que a Síria e o movimento Jihad Islâmico estão por trás do ataque mortal em Tel Aviv", informou um comunicado do governo, após reunião de emergência.
"O ministro da Defesa diz que a Síria continua a apoiar e dar dinheiro para grupos terroristas, a fim de que mantenham seus ataques, algo que põe em perigo o processo de paz com os palestinos e a estabilidade da região", diz o comunicado.
Em Damasco, um membro do Ministério das Relações Exteriores negou que o país esteja ligado ao atentado e disse que a sede do Jihad no país foi fechada -pedido feito diversas vezes por Israel.

Palestinos
Em resposta ao ataque terrorista, o governo israelense disse que, por enquanto, não vai retirar soldados nem transferir o controle da segurança de cidades da Cisjordânia para os palestinos, como havia prometido após acordo de cessar-fogo de 8 de fevereiro. O comunicado de ontem congela a medida e diz que uma nova decisão vai depender de uma reavaliação da situação da segurança e das medidas adotadas pelos palestinos contra o Jihad e outros grupos terroristas.
O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, apressou-se em condenar o atentado e a adotar medidas punitivas. "Nós os levaremos à Justiça. Não permitiremos que ninguém sabote as ambições do nosso povo", disse Abbas. Agentes de segurança palestinos efetuaram ao menos três prisões de pessoas suspeitas de estarem relacionadas ao atentado. Foi a primeira série de detenções de suspeitos de participação em ato terrorista feita por Abbas. Forças israelenses prenderam outras seis pessoas.
Abbas acusou uma "terceira parte" de orquestrar o ataque suicida e sabotar o processo de paz. Assessores palestinos de segurança disseram que o grupo radical islâmico Hizbollah, baseado no Líbano, estaria envolvido. Em Beirute, o Hizbollah negou envolvimento.
Em comunicado divulgado pela internet, o Jihad Islâmico assumiu a autoria do ataque, contrariando declarações anteriores dadas por lideranças palestinas do grupo. Líderes exilados do Jihad vivem em Beirute e também em Damasco. Não está claro se são eles os autores do atentado, contrariando a posição adotada pelos que vivem nos territórios palestinos.
Em um vídeo, o homem-bomba disse que integrava o Jihad. "O ataque foi cometido em resposta aos assassinatos e destruições de casas" cometidos por Israel e também tinha o objetivo de abalar a ANP, que estaria seguindo ordens dos EUA, afirmou Abdullah Saeed Badran, 21.
Autoridades israelenses de segurança, que não quiseram se identificar, disseram que o país pode voltar a cometer assassinatos contra líderes do Jihad Islâmico. Segundo eles, o governo entende que o recente cessar-fogo com os palestinos não inclui mais o grupo.


Com agências internacionais


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