São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 2006

Próximo Texto | Índice

IRAQUE SOB TUTELA

Polícia conta 22 mortos; partidário de Moqtada al Sadr no governo critica "política de agressão" americana

EUA matam seguidores de clérigo xiita

DA REDAÇÃO

Vinte e dois seguidores do clérigo xiita radical Moqtada al Sadr morreram em um ataque das tropas dos EUA, segundo a polícia de Bagdá. O combate, que envolveu também militares iraquianos, ocorreu numa mesquita do bairro de Ur, na capital iraquiana. Os EUA reconhecem a morte de "16 insurgentes".
Jawad al Maliki, assessor do premiê iraquiano, Ibrahim al Jaafari, e membro do partido de Al Sadr, criticou a ação como parte da "política de agressão" dos EUA. Assessores do clérigo dizem que os mortos estavam desarmados.
Al Sadr vive na cidade de Najaf, onde um tiro de morteiro feriu ontem uma criança e um guarda a 50 metros da casa do líder radical.
Segundo o chefe de polícia de Najaf, Abbas Miadal, esse ataque veio de insurgentes leais ao ex-ditador Saddam Hussein, com o objetivo de dividir o povo iraquiano. "Estamos prontos para confrontar quaisquer planos terroristas e proteger os peregrinos."

Maomé
Quarta-feira será será lembrada a morte do profeta Maomé, e Moqtada al Sadr fez um apelo público pela calma e para que o Exército iraquiano proteja os peregrinos de ataques da insurgência, enquanto o Exército Mehdi, leal a Al Sadr, combate sunitas com violência. Anteontem houve sete mortes nos embates -a maioria de civis atingidos por acaso. Ontem a violência no país fez dezenas de mortes.
A explosão de uma bomba matou um menino de 13 anos que entrava numa escola em Basra, sul do país (no Iraque, os dias letivos vão de domingo a quinta-feira). Foram relatados outros ataques a cidadãos comuns, como três adolescentes mortos em Bagdá por atiradores que passaram em um automóvel. Esses ataques agravam o ódio sectário e justificam o temor de alguns analistas que consideram que o país está muito próximo de uma guerra civil -ou já a está vivendo.
Descobriram-se ainda 13 casos de assassinato no país. Dez dos corpos, vendados e com os membros amarrados, foram encontrados em Dora, bairro de Bagdá.
O Exército iraquiano relatou também que investiga a descoberta de 30 corpos decapitados num vilarejo próximo a Buhriz, ao norte de Bagdá.
Forças dos EUA fizeram ontem uma operação num edifício do Ministério do Interior iraquiano e prenderam dez policiais depois de descobrirem 17 sudaneses mantidos ilegalmente presos no complexo, disseram autoridades iraquianas. Os policiais foram soltos logo depois. O Exército dos EUA não comentou o incidente.
Essas forças iraquianas são responsáveis por manter a estabilidade no território, condição para a retirada das tropas da coalizão que depôs Saddam.
A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, disse ontem que espera uma retirada "significativa" de contingente americano do Iraque em 2007, lembrando que isso depende das condições locais. "Essa significativa redução acontece porque as forças iraquianas estão agora tomando e mantendo territórios." Hoje há cerca de 133 mil soldados dos EUA no Iraque.
A americana também disse que seu país vai questionar a Rússia a respeito de um relatório de inteligência segundo o qual Moscou passou informações a Saddam Hussein sobre a movimentação de tropas dos EUA às vésperas da invasão ao Iraque. Em entrevista à TV CNN, ela disse que a confirmação da acusação seria "muito preocupante".
Em entrevista à rádio Australian Broadcasting Corporation, o premiê britânico Tony Blair afirmou hoje que o Reino Unido deve reduzir suas tropas no Iraque. Sem citar prazos, Blair disse que "as forças de segurança iraquianas estão se desenvolvendo. Se isso acontecer, podemos nos retirar".


(Com agências internacionais)


Próximo Texto: Oriente Médio: Premiê do Hamas acena com diálogo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.