São Paulo, domingo, 27 de abril de 2008

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OEA pressiona oposição a dialogar com Evo Morales

Organismo teme que polêmico projeto de referendo cause violência na Bolívia

Chanceler boliviano pede apoio da Casa Branca contra movimento que defende "estatuto autonômico" para região de Santa Cruz

DA REDAÇÃO

A OEA (Organização dos Estados Unidos Americanos) exigiu ontem que os prefeitos bolivianos favoráveis ao controverso projeto de referendo sobre a adoção de um estatuto autonômico para a região de Santa Cruz criem uma instância de diálogo com o governo para evitar o agravamento da crise.
Num sinal de apoio ao governo de Morales, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, cobrou da oposição boliviana "a data, a hora e o lugar" para um encontro que busque uma solução e evite que a Bolívia mergulhe novamente na violência e no caos.
O chanceler boliviano, David Choquehuanca, disse em Washington que a realização do referendo causaria um "verdadeiro risco de confrontos".
Mesmo com o respaldo da OEA contra a oposição, Choquehuanca afirmou que gostaria de ver uma manifestação mais explícita de apoio por parte do governo dos Estados Unidos.
Morales acusa a região de Santa Cruz de usar dinheiro público para preparar o referendo previsto para 4 de maio sobre a adoção de um "estatuto autonômico" que amplia os poderes do governo local
A consulta, que tem apoio de dezenas de prefeitos locais, é considerada ilegal pela Justiça e pelo governo federal, que acusa a oposição de fomentar o separatismo no país.
O estatuto autonômico, que dá ao governo departamental poderes até para legislar sobre política alfandegária, foi uma resposta da oposição à Constituição aprovada numa Assembléia Constituinte sem a presença da oposição. Para entrar em vigor, a Carta precisa ser ratificada num referendo nacional, ainda sem data marcada.
Num gesto de boa vontade, o governo da Bolívia descongelou ontem o repasse de recursos ao departamento de Santa Cruz, suspenso na quinta-feira sob a alegação de que a administração regional havia deixado de contabilizar seus gastos.
O anúncio ocorreu após o governo oposicionista cruzenho ter reconectado o sistema de contabilização e se comprometido a entregar a documentação pendente.

Futebol
A preocupação com o referendo não impediu Morales de estrear ontem no torneio da segunda divisão de futebol boliviano pelo seu time, o Litoral.
O presidente, que tem 48 anos, jogou os 40 primeiros minutos da partida vestindo a camisa 10 e atuando como armador. O jogo terminou com a vitória de 4 a 1 do time de Morales, que prometeu jogar mais vezes pelo Litoral.
O presidente da Bolívia se inscreveu no final de março no elenco do clube para defender a prática do futebol na altitude e protestar contra a decisão da Fifa de vetar a realização de jogos no estádio Hernando Siles, em La Paz, situado a 3.600 metros acima do nível do mar, onde costuma se apresentar a seleção boliviana.


Com agências internacionais


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