São Paulo, segunda-feira, 27 de abril de 2009

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Surto para "caos" da Cidade do México

Casas noturnas fecham e missas são celebradas pelo rádio para evitar aglomerações; ruas e o aeroporto ficaram vazios

Prefeito da capital mexicana cogita suspender transporte público; Banco Mundial anuncia US$ 205 milhões para combater gripe suína


ADRIANA ZEHBRAUSKAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NA CIDADE DO MÉXICO

A Cidade do México, que rivaliza com São Paulo em termos de caos urbano, está calada como nunca se viu. As ruas e o aeroporto estão vazios. Há um silêncio estranho, parecido com aquele que se registra em dia de final de Copa do Mundo.
A tranquilidade só é perturbada pelo ocasional "O que eles sabem que não querem contar?" aqui e ali. Mas todos sabem que o silêncio tem motivo. A capital mexicana está tomada pelo símbolo do surto de gripe suína: as máscaras cirúrgicas.
O Exército está distribuindo 6 milhões delas, que vêm sendo usadas em pontos estratégicos, como estações de metrôs e terminais de ônibus.
A notícia pegou a população de surpresa. Ela chegou na noite de sexta-feira, por meio de mensagens das escola informando que as aulas ficariam suspensas até segundo aviso. Mas de forma geral não há sinais de pânico.
As recomendações do presidente Felipe Calderón e das autoridades sanitárias são repetidas exaustivamente nos rádios, TVs e jornais. Não saudar com aperto de mão. Beijo, muito menos. Manter limpas maçanetas de portas, torneiras e afins. Não se automedicar. Lavar as mãos, muitas, muitas, muitas vezes ao dia. Não frequentar lugares fechados -o que não requer muito esforço, uma vez que os museus e cinemas foram fechados, e concertos e teatros, cancelados.
Um decreto posto em vigor desde sábado dá ao Poder Executivo controle absoluto sobre a situação e lista 13 itens. Entre eles estão o isolamento de pessoas que possam padecer da doença e o ingresso em qualquer lugar, comercial ou particular, para o cumprimento de atividades dirigidas a controlar e combater o surto de gripe.
Inclui ainda inspeção de passageiros que possam ser portadores do vírus, assim como bagagens, meios de transporte, mercadorias e outros objetos que possam ser fonte ou veículo de agentes patogênicos.
O prefeito da Cidade do México disse que considera a possibilidade de suspender o funcionamento de todo o sistema de transporte público da cidade se os casos da doença não mostrarem sinais de diminuição.

Atividades suspensas
Jogo de futebol? Só para as câmeras de TV. O estádio Azteca, palco de duas finais de Copa do Mundo, foi fechado para a torcida no jogo de ontem.
Missa de domingo? No rádio. Até mesmo as tradicionais cerimônias na catedral da praça de Zócalo e na basílica da Virgem de Guadalupe foram suspensas.
Pizza? Ninguém disse nada sobre isso, mas fica a dúvida. Um funcionário da cozinha sem máscara? Não, melhor ficar em casa.
"É a primeira vez que eu saio de casa em dois dias. Tive de tomar um ar", disse Juan Casiano, 39, que caminhava ontem por um parque da capital. "Mas ficarei o resto do dia na minha casa", completa.
Bares e clubes da agitada noite na maior cidade da América Latina, com 20 milhões de habitantes, foram obrigados a fechar as portas por no mínimo dez dias.
No sábado à noite, regiões tradicionalmente movimentadas ficaram vazias, e avisos nas janelas fechadas pediam distância para as pessoas.
"As pessoas estão comprando bebidas para ficar em casa em vez de sair", disse o funcionário de uma loja de conveniência.
Restaurantes ainda podiam ser vistos servindo refeições no fim de semanas. Mas, em alguns deles, até os garçons utilizavam as máscaras cirúrgicas.

Ajuda internacional
Ontem, o Banco Mundial anunciou US$ 205 milhões em ajuda ao México para o combate da gripe. Do montante, US$ 25 milhões serão para "necessidades imediatas", como compra de remédios, afirmou o ministro mexicano da Fazenda, Agustín Carstens.


Com agências internacionais


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