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Surto para "caos" da Cidade do México
Casas noturnas fecham e missas são celebradas pelo rádio para evitar aglomerações; ruas e o aeroporto ficaram vazios
Prefeito da capital mexicana cogita suspender transporte público; Banco Mundial anuncia US$ 205 milhões para combater gripe suína
ADRIANA ZEHBRAUSKAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NA CIDADE
DO MÉXICO
A Cidade do México, que rivaliza com São Paulo em termos de caos urbano, está calada
como nunca se viu. As ruas e o
aeroporto estão vazios. Há um
silêncio estranho, parecido
com aquele que se registra em
dia de final de Copa do Mundo.
A tranquilidade só é perturbada pelo ocasional "O que eles
sabem que não querem contar?" aqui e ali. Mas todos sabem que o silêncio tem motivo.
A capital mexicana está tomada
pelo símbolo do surto de gripe
suína: as máscaras cirúrgicas.
O Exército está distribuindo
6 milhões delas, que vêm sendo
usadas em pontos estratégicos,
como estações de metrôs e terminais de ônibus.
A notícia pegou a população
de surpresa. Ela chegou na noite de sexta-feira, por meio de
mensagens das escola informando que as aulas ficariam
suspensas até segundo aviso.
Mas de forma geral não há sinais de pânico.
As recomendações do presidente Felipe Calderón e das autoridades sanitárias são repetidas exaustivamente nos rádios,
TVs e jornais. Não saudar com
aperto de mão. Beijo, muito
menos. Manter limpas maçanetas de portas, torneiras e
afins. Não se automedicar. Lavar as mãos, muitas, muitas,
muitas vezes ao dia. Não frequentar lugares fechados -o
que não requer muito esforço,
uma vez que os museus e cinemas foram fechados, e concertos e teatros, cancelados.
Um decreto posto em vigor
desde sábado dá ao Poder Executivo controle absoluto sobre
a situação e lista 13 itens. Entre
eles estão o isolamento de pessoas que possam padecer da
doença e o ingresso em qualquer lugar, comercial ou particular, para o cumprimento de
atividades dirigidas a controlar
e combater o surto de gripe.
Inclui ainda inspeção de passageiros que possam ser portadores do vírus, assim como bagagens, meios de transporte,
mercadorias e outros objetos
que possam ser fonte ou veículo de agentes patogênicos.
O prefeito da Cidade do México disse que considera a possibilidade de suspender o funcionamento de todo o sistema
de transporte público da cidade
se os casos da doença não mostrarem sinais de diminuição.
Atividades suspensas
Jogo de futebol? Só para as
câmeras de TV. O estádio Azteca, palco de duas finais de Copa
do Mundo, foi fechado para a
torcida no jogo de ontem.
Missa de domingo? No rádio.
Até mesmo as tradicionais cerimônias na catedral da praça de
Zócalo e na basílica da Virgem
de Guadalupe foram suspensas.
Pizza? Ninguém disse nada
sobre isso, mas fica a dúvida.
Um funcionário da cozinha
sem máscara? Não, melhor ficar em casa.
"É a primeira vez que eu saio
de casa em dois dias. Tive de tomar um ar", disse Juan Casiano, 39, que caminhava ontem
por um parque da capital. "Mas
ficarei o resto do dia na minha
casa", completa.
Bares e clubes da agitada noite na maior cidade da América
Latina, com 20 milhões de habitantes, foram obrigados a fechar as portas por no mínimo
dez dias.
No sábado à noite, regiões
tradicionalmente movimentadas ficaram vazias, e avisos nas
janelas fechadas pediam distância para as pessoas.
"As pessoas estão comprando bebidas para ficar em casa
em vez de sair", disse o funcionário de uma loja de conveniência.
Restaurantes ainda podiam
ser vistos servindo refeições no
fim de semanas. Mas, em alguns deles, até os garçons utilizavam as máscaras cirúrgicas.
Ajuda internacional
Ontem, o Banco Mundial
anunciou US$ 205 milhões em
ajuda ao México para o combate da gripe. Do montante, US$
25 milhões serão para "necessidades imediatas", como compra de remédios, afirmou o ministro mexicano da Fazenda,
Agustín Carstens.
Com agências internacionais
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