São Paulo, segunda-feira, 27 de abril de 2009

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Iraque acusa EUA após operação com 2 mortos

Premiê iraquiano diz que ataque viola pacto de segurança entre os dois países

Washington diz que ação em Kut foi "coordenada e aprovada" por Bagdá e que alvo eram milicianos xiitas armados e apoiados pelo Irã


DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al Maliki, qualificou de "violação" ao pacto de segurança entre Washington e Bagdá o ataque norte-americano em Kut (150 km ao sudeste de Bagdá), ocorrido ontem. Um homem e uma mulher morreram, e seis supostos militantes foram presos.
Maliki pediu à coalizão internacional liderada pelos EUA que julgue os responsáveis. Dois comandantes iraquianos foram detidos ontem por terem autorizado a operação sem terem prevenido o Ministério da Defesa.
De acordo com o porta-voz do ministério, Mohammed Al Askari, uma comissão foi enviada à cidade para investigar o caso. Houve protestos em Kut contra a presença das forças americana.
No entanto, os EUA afirmaram que a operação "foi coordenada e aprovada pelo governo iraquiano". Disseram ainda que seu alvo era uma casa em que estava um grupo de elite de milicianos xiitas, armados e financiados pelo Irã.
O artigo 4.2 do pacto de segurança assinado em novembro entre os dois países estipula que, partir de janeiro, todas as operações militares dos EUA no Iraque devem ser "realizadas em coordenação com autoridades iraquianas".
O acordo também prevê a retirada das tropas americanas de todo o país até o final de 2011. Em março, o presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou que retiraria pelo menos 90 mil soldados, dos atuais 142 mil, até agosto de 2010.

Protestos
Enquanto ocorria nas ruas de Kut o funeral das duas vítimas do ataque americano, manifestantes pediam a libertação dos seis presos e gritavam slogans chamando os EUA de "ocupantes criminosos".
"Condenamos esse terrível incidente. Ele viola o acordo entre as forças dos EUA e do governo do Iraque", disse Latif Al Tarfa, governador da Província de Wasit, onde fica Kut. "Pessoas inocentes foram mortas, e a cidade está agora muito tensa", completou.
Segundo o chefe de polícia Aziz Al Amara, as vítimas do ataque eram inocentes. Um dos detidos, segundo ele, era um capitão da polícia.
"Eles eram pessoas pobres, que não causavam nenhum problema político ou de segurança", disse.
Em março e abril de 2008, a Província de Wasit foi palco de combates durante uma sublevação de seguidores do clérigo radical xiita de oposição Moqtada al Sadr.
Na quinta e sexta passadas, uma onda de ataques deixou pelo menos 159 mortos em Bagdá, o que levou a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, a fazer anteontem uma visita surpresa ao país.
Hillary rejeitou que os últimos ataques sejam sinal de um retorno da violência sectária que tomou conta do país há dois anos e assegurou a continuidade do apoio dos EUA, mesmo após o início da retirada das tropas americanas.
Os dois ataques -em uma mesquita e em um restaurante- ocorreram em áreas de maioria xiita.


Com agências internacionais


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