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FIM DE REINADO
Segundo porta-voz, João Paulo 2º visitará o Canadá em julho, mas pode desistir de México e Guatemala
Debilitado, papa poderá cancelar viagens
DA REUTERS
O Vaticano indicou ontem pela
primeira vez que o papa João Paulo 2º pode ter que cancelar viagens
ao exterior por causa de sua saúde
debilitada. Em comunicado à imprensa, o porta-voz do Vaticano,
Joaquin Navarro-Valls, disse que
o papa talvez não vá ao México e à
Guatemala em viagem de dez dias
à América, prevista para começar
no Canadá em fins de julho, embora os três países continuem
constando do itinerário oficial.
A 97ª viagem oficial do papa deverá ter início em Toronto (Canadá), onde o pontífice participará
das celebrações do 17º Dia Mundial da Juventude, entre 23 e 28 de
julho. "Toronto está confirmado.
Em Toronto haverá o Dia Mundial da Juventude. Quanto aos outros países, veremos", disse Navarro-Valls ao final da viagem do
papa ao Azerbaijão e à Bulgária.
Em 24 anos de pontificado, João
Paulo 2º já visitou mais de 140 países. Sua primeira viagem foi à República Dominicana, México e
Bahamas, em janeiro de 1979. Entre os países que o papa não visitou estão a China e a Rússia.
Aos 82 anos de idade, o papa,
que sofre de mal de Parkinson,
mostrou sinais evidentes de fraqueza e graves problemas motores em sua visita à Bulgária.
A viagem à América, tal como
está programada hoje, seria duas
vezes mais longa que a sua viagem
mais recente, além de envolver
mais deslocamentos e mudanças
de fuso horário.
Momentos antes do retorno de
João Paulo 2º a Roma, Navarro-Valls reiterou que a próxima viagem do papa poderá ser encurtada caso os conselheiros a considerem muito exaustiva. No entanto,
apesar de todos os problemas físicos, o papa se mostrou bastante
atento durante os eventos públicos de que participou na Bulgária.
João Paulo 2º deixou o país que
ele chamou de "Terra das Rosas"
ontem à noite, após louvar sua
grande comunidade de cristãos
ortodoxos -80% da população- e uma minoria de católicos
romanos por sua resistência à
opressão sofrida durante o regime comunista.
No início de sua viagem de cinco dias aos dois países, a saúde do
papa parecia ter piorado visivelmente. Sua cabeça pendia, os
músculos faciais estavam tensos e
sem expressão, como uma máscara. Falava e respirava com dificuldade -e precisou de uma plataforma móvel para se locomover.
Mas funcionários do Vaticano
afirmaram que o papa estava suportando bem o cansaço, apesar
das dificuldades. No entanto, todos reconhecem que a próxima
viagem, tal como está programada, seria excessiva.
Depois do Canadá, o papa deverá ir à Cidade do México para a
canonização do índio mexicano
Juan Diego Cuauhtlatoatzin, cujas
visões de Nossa Senhora ajudaram a Igreja Católica a converter a
população indígena no século 16.
A próxima parada de sua viagem seria a Cidade da Guatemala,
onde o papa deveria permanecer
entre os dias 31 de julho e 2 de
agosto, a fim de canonizar o missionário Pedro de San Jose de Betancur, que viveu no século 17.
Não seria a primeira vez que o
papa cancelaria uma viagem por
motivos de saúde. Em 1994, ele
deixou de ir aos EUA e, em 1999, à
Armênia.
Às vésperas de fazer 82 anos, em
18 de maio, o papa deu indícios de
que pretende continuar à frente
da Igreja Católica, rejeitando sugestões de que poderia abdicar
devido à piora de seu estado de
saúde.
No último dia de sua visita à
Bulgária, João Paulo 2º presidiu
uma missa solene para 20 mil pessoas, celebrada na praça central
de Plóvdiv (a segunda cidade do
país), na qual beatificou três sacerdotes católicos búlgaros fuzilados há 50 anos pelo governo comunista, sob a acusação de espionagem e complô contra o regime.
À tarde, o papa visitou a catedral católica de Plóvdiv, onde encontrou jovens representantes
das comunidades católicas da
Bulgária. Rompendo o protocolo,
João Paulo 2º falou em búlgaro,
em polonês e até cantou junto
com o coro a "Aleluia".
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