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Tabus aumentam guerra entre esquerda e direita
Terrorismo e nacionalismo provocam maior divisão
France Presse
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Zapatero acompanha candidato à Prefeitura de Madri, mas temas municipais foram relegados numa campanha polarizada |
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde que o premiê José
Luis Rodríguez Zapatero tomou posse, em abril de 2004,
esquerda e direita aumentaram
o confronto. Zapatero tirou as
tropas espanholas do Iraque e
aproximou o país da Venezuela
e de Cuba.
O primeiro-ministro espanhol não se levantou diante da
bandeira americana em uma
parada militar. A descompostura é recíproca: nem o presidente Bush, nem a secretária de
Estado Condoleezza Rice jamais visitaram a Espanha, nona economia do mundo, nos
três anos do governo socialista.
Para conseguir maioria no
Congresso, Zapatero fez diversos pactos com partidos nacionalistas de regiões que flertam
com o separatismo, da Catalunha ao País Basco. Apesar de
gozarem de muita autonomia,
Zapatero concedeu-lhes mais
regalias ainda - e foi acusado
pelos conservadores de "fragmentar a Espanha".
No mês passado, ao visitar
Cuba, o chanceler Miguel Ángel
Moratinos negou-se a receber
dissidentes, enquanto trocava
salamaleques com a ditadura
castrista, em atitude criticada
como "vergonhosa" até por escritores e intelectuais de esquerda, como Rosa Montero e
Antonio Elorza, no jornal "El
País".
No ano passado, no 70º aniversário do início da Guerra Civil, Zapatero criou projetos de
memória histórica, que proíbem símbolos franquistas (o
que determinou a retirada dos
últimos monumentos ao ditador no país) e sugeriu a criação
de um memorial para todas as
vítimas. A direita, herdeira do
franquismo, estrilou.
Os conservadores espanhóis
também rumaram mais à direita ainda. Organizaram passeatas com mais de 100 mil pessoas contra a aprovação da
união civil homossexual e da
simplificação da Lei do Divórcio, leis finalmente aprovadas
com amplo respaldo da população. E começaram a dizer que o
governo socialista atraía imigrantes por ter empreendido
regularização em massa de trabalhadores ilegais.
Voto em branco
Há diversos sinais de que os
espanhóis não andam com
muita paciência com as guerrinhas políticas de ambos os lados. Segundo pesquisas dos
institutos CIS e Opina, Zapatero tem uma nota média de 5,
em uma escala de 1 a 10. A oposição ainda fica pior: seu líder,
Mariano Rajoy, tem nota média
de 3,6.
Militante anti-ETA e esquerdista de longa data, o filósofo
Fernando Savater, um dos
maiores intelectuais do país,
anunciou na semana passada o
projeto de criar até o fim do ano
um partido político alternativo.
"Os socialistas se apóiam nos
nacionalistas radicais, e a direita se sustenta nos bispos. Não
podemos votar em branco a vida toda", disse.
(RAUL JUSTE LORES)
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