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Obama tenta triunfar onde antecessores fracassaram
Políticas de Clinton e Bush não impediram avanço de programa nuclear norte-coreano
Assessores reconhecem, no entanto, que opções dos EUA são limitadas caso suas decisões não encontrem respaldo russo e chinês
DAVID E. SANGER
DO "NEW YORK TIMES"
Diante do primeiro desafio
direto lançado ao seu governo
por um Estado nuclearizado
emergente, o presidente Barack Obama declarou anteontem que os EUA e seus aliados
vão "enfrentar" a Coreia do
Norte, horas depois de esse país
ter desafiado sanções internacionais e conduzido seu segundo teste nuclear.
Obama reagiu à explosão
subterrânea ao mesmo tempo
em que autoridades da Casa
Branca se apressavam para
coordenar uma resposta internacional a uma capacidade nuclear norte-coreana que nenhum de seus antecessores
mostrou-se capaz de reverter.
Conscientes de que sua resposta à explosão será vista como teste precoce do novo governo, os assessores de Obama
se disseram determinados a organizar uma reação significativamente mais forte do que a do
governo Bush após o primeiro
teste nuclear norte-coreano,
em outubro de 2006.
Mas alguns de seus assessores reconheceram que as opções de que o governo dispõe
são limitadas. "Todos ficamos
impressionados pelo fato de os
russos e os chineses terem expressado condenação tão forte", disse o chefe de gabinete de
Obama, Rahm Emanuel. Mas
converter isso em ação efetiva
será um desafio.
Os esforços do governo Clinton para induzir a Coreia do
Norte a interromper seu programa de armas nucleares, provendo o país de petróleo e usinas nucleares geradoras de eletricidade, e, mais tarde, as tentativas do governo Bush de empurrar o país à beira do colapso
e então confiscar os bens de
seus líderes, fracassaram todos.
O mesmo se deu com a inversão de estratégia feita por Bush
em seu segundo mandato,
quando fechou acordo com
Pyongyang para o desmonte de
sua principal usina nuclear.
Sob observação
Agora Obama terá que decidir como combinar o que descreveu como "pressão internacional mais forte" com um novo conjunto de iniciativas diplomáticas, num momento em
que o Irã e outros países estão
examinando o confronto com a
Coreia do Norte para ter uma
ideia de como ele lidará com
confrontos complexos futuros.
A Casa Branca disse na noite
de segunda que Obama telefonou para os líderes dos dois
maiores aliados dos EUA no
nordeste da Ásia, o presidente
Lee Myung-bak, da Coreia do
Sul, e o primeiro-ministro Taro
Aso, do Japão, prometendo que
fará pressão por "medidas concretas para frear a Coreia do
Norte" e declarando um "compromisso inequívoco" com a
defesa dos dois países.
Mas as autoridades japonesas e sul-coreanas estão menos
preocupadas com a possibilidade de um ataque direto da Coreia do Norte do que com a possibilidade de o país vender no
mercado negro sua tecnologia
de armas nucleares, do mesmo
modo como já vendeu tecnologia de mísseis e reatores ao
Oriente Médio.
Em telefonemas de emergência feitos depois de Pyongyang, por meio de sua missão
nas Nações Unidas, ter dado
menos de uma hora de aviso
prévio de que faria o teste, a
equipe de Obama formulou sua
estratégia preliminar.
Um alto funcionário da gestão disse que os EUA jamais darão pleno reconhecimento diplomático à Coreia do Norte ou
assinarão um tratado pondo
fim formal à guerra da Coreia, a
não ser que seja desmontada a
capacidade nuclear.
Para formular uma resposta
comum, funcionários do governo iniciaram o planejamento
de reuniões com líderes asiáticos e, eventualmente, com a
força fundamental no drama
diplomático: a China. O secretário da Defesa, Robert Gates,
vai dar início ao esforço nesta
semana, durante uma reunião
anual de defesa, e seu porta-voz, Geoff Morrell, disse: "Simplesmente não existe desafio
maior de segurança para a Ásia
que uma Coreia do Norte nuclearmente armada".
Carta na manga
É possível que a maior sanção ainda não empregada à qual
Obama e seus aliados possam
recorrer esteja contida na resolução do Conselho de Segurança da ONU aprovada após o teste de 2006. Ela autoriza os EUA
e outros países a bloquear e inspecionar navios que vão e vêm
da Coreia do Norte, para procurar componentes de mísseis ou
materiais nucleares contrabandeados. A sanção nunca chegou
a ser aplicada, em parte devido
ao receio de que pudesse provocar uma escalada de hostilidades com a Coreia do Norte.
Quando indagado se Obama
procuraria interceptar o tráfego de navios para a Coreia do
Norte, uma medida que poderia paralisar o comércio do país,
um alto funcionário do governo
disse que ainda é cedo para responder. Mas outro alto funcionário comentou: "Excetuando
convencer os chineses a cortar
o suprimento de petróleo, essa
talvez fosse a única medida que
mostraria a eles que estamos
falando sério".
Tradução de CLARA ALLAIN
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