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Obama põe latina na Suprema Corte
Indicação de Sonia Sotomayor deve manter equilíbrio entre conservadores e liberais no tribunal
A despeito das críticas ao "ativismo" da juíza, sua nomeação não deve ser alvo de oposição no Senado, onde precisa ser aprovada
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
O presidente dos EUA, Barack Obama, indicou ontem a
juíza liberal moderada Sonia
Sotomayor para a Suprema
Corte do país, acabando com
semanas de especulação sobre
sua primeira marca no órgão.
Se aprovada no Senado, Sotomayor, 54, será a primeira pessoa de origem latino-americana a integrar o mais importante
tribunal americano.
Ela substituirá o juiz David
Souter, 69, que pediu para deixar o cargo. Ele foi apontado
pelo republicano George Bush
pai (1989-1993), mas costumava seguir a ala liberal do órgão.
Por essa razão, as tendências
de Sotomayor não deverão afetar substancialmente o equilíbrio do órgão -hoje composto
por quatro magistrados conservadores, quatro liberais e um
conservador moderado.
Sotomayor será a terceira
mulher da história da Suprema
Corte. O posto é vitalício.
Ao justificar a escolha, Obama abordou tanto a experiência jurídica quanto a história
pessoal de sua indicada.
"[Sotomayor] traria uma experiência mais variada para o
corpo de juízes do que qualquer
um dos que servem hoje na Suprema Corte possuíam quando
indicados. Tão impressionante
quanto suas credenciais na lei é
a jornada extraordinária que
ela percorreu."
O democrata se referia ao fato de a filha de porto-riquenhos
ter saído das comunidades pobres do Bronx, em Nova York,
para duas das melhores universidades do país -Princeton e
Yale- e em seguida ter percorrido diversos níveis do sistema
de Justiça do país.
Antes da indicação, Sotomayor atuava como juíza do Tribunal Federal de Apelações dos
EUA em Nova York desde 1998
-indicada ao posto pelo ex-presidente democrata Bill
Clinton (1993-2001).
Antes, fora indicada pelo republicano Bush pai como juíza
do Tribunal Distrital de Nova
York. Em 30 anos de carreira,
ela também trabalhou para a
Promotoria de Nova York e
passou anos no setor privado.
No agradecimento a Obama,
Sotomayor abordou sua trajetória: "Essa riqueza de experiências, pessoais e profissionais, me ajudou a entender a
variedade de perspectivas que
existem em cada caso. Luto para nunca me esquecer das consequências de minhas decisões
na vida real de indivíduos, negócios e governo".
Oposição conservadora
A forma como ela encara sua
etnia, gênero e experiências,
porém, gera críticas em setores
conservadores, que temem que
ela tente "fazer política" a partir do tribunal em vez de apenas
interpretar a lei.
Sotomayor já disse que "o tribunal de apelações é onde políticas são feitas" e que "uma mulher latina sábia, com a riqueza
de suas experiências, alcançaria muitas vezes conclusões
melhores do que um homem
branco que não teve essa vida".
"A juíza Sotomayor é uma
ativista judicial de esquerda,
que pensa que seus propósitos
políticos pessoais são mais importantes do que a lei escrita",
declarou Wendy Long, integrante do grupo conservador
Rede de Confirmações Judiciais. "Ela acredita que juízes
devem ditar política, e que gênero, raça e etnia devem afetar
as decisões judiciais."
Ao mesmo tempo, o fato de
ela ser uma mulher latina pode
dificultar a oposição republicana à indicação, por medo de desagradar a uma fatia importante do eleitorado conservador
americano. "A não ser que surjam fatos novos relativos a seu
passado, os republicanos não
devem desperdiçar fogo por
causa de Sotomayor", sugeriu
David Gergen, analista político
da Universidade Harvard.
Estima-se que Obama ainda
terá duas chances de deixar sua
marca na Suprema Corte: os
juízes John Paul Stevens, 88, e
Ruth Ginsburg, 75, deverão se
aposentar nos próximos anos.
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