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EUROPA
Em campanha à reeleição, premiê tenta aproveitar o sucesso da equipe na Copa e anuncia que irá ao Japão para ver a final
Schröder capitaliza vitórias da seleção alemã
DAVID CROSSLAND
DA REUTERS, EM BERLIM
Com o instinto de um atacante,
o chanceler (premiê) alemão,
Gerhard Schröder, está aproveitando o sucesso de seu país na Copa do Mundo para alimentar sua
campanha à reeleição.
Cultivando uma imagem de
"homem do povo" que pode ajudar a restaurar a popularidade de
seu Partido Social-Democrata
(SPD), Schröder anda se deixando fotografar dando socos de alegria no ar a cada vitória alemã,
além de fazer elogios constantes à
"grande seleção".
"Essa vitória foi totalmente merecida", disse ele aos jornalistas,
sorrindo, depois que a Alemanha
chegou à final com a vitória de 1 a
0 sobre a Coréia do Sul, anteontem. "Não devemos alimentar expectativas demais, mas, se alguém
pode conseguir o primeiro lugar,
é esta seleção."
De camarote
Seu entusiasmo é tanto que, logo após a vitória, ele anunciou
que irá ao Japão para assistir à decisão contra o Brasil, no domingo.
Pouco depois, seu principal adversário nas eleições de setembro,
o conservador Edmund Stoiber,
disse que também irá.
Entre os dois, o premiê já está
disparando à frente nos bolões.
Uma sondagem do instituto Forsa mostrou que cerca de 63% dos
alemães prefeririam jogar futebol
com ele, e 20% com Stoiber.
E Schröder pode se beneficiar
mais do sucesso alemão, mesmo
que o país perca a final contra o
Brasil.
"O bom desempenho da seleção
alemã lança uma luz mais positiva
sobre o governo", disse Richard
Hilmer, diretor do instituto de
pesquisas Infratest Dimap. "A insatisfação popular passada com o
governo em matéria de desemprego e de educação pode diminuir."
Embora Schröder ainda esteja
seis pontos percentuais atrás dos
conservadores nas pesquisas, faltando menos de três meses para
as eleições, a história está de seu
lado. Nenhum governo alemão
perdeu uma eleição depois que a
seleção nacional ganhou a Copa.
Por outro lado, o ex-premiê
Helmut Kohl foi derrotado na
eleição de 1998, três meses depois
de a Croácia ter eliminado a Alemanha da Copa da França com
um humilhante 3 a 0.
Orgulho nacional
O futebol é uma área na qual a
Alemanha, que ainda tem sentimento de culpa por sua atuação
na 2ª Guerra Mundial, pode manifestar orgulho nacional sem
problemas de consciência. A
maioria dos homens alemães joga
futebol quando jovem. Não existe
no país nenhum outro esporte capaz de rivalizar com o futebol.
Para analistas, tentar demonstrar intimidade com esse esporte
dá pontos a políticos. "O futebol
permite ao premiê mostrar que
está próximo do povo e alcançar
as pessoas que não estão interessadas em política", disse outro
analista, Dieter Roth. Qualquer
coisa que melhore o sentimento
popular beneficia mais o partido
governista do que a oposição.
"Mais da metade dos alemães não
se interessa realmente por política, mas, apesar disso, a maioria
dessas pessoas sai de casa para votar."
O moral dos social-democratas vem se deteriorando nos últimos
meses em razão de uma sequência de resultados negativos em
sondagens, de uma grande derrota eleitoral regional, de um escândalo no financiamento partidário em nível local e do índice constantemente alto do desemprego.
Mas uma comissão indicada pelo governo e liderada pelo executivo-chefe da Volkswagen, Peter Hartz, pretende propor mudanças trabalhistas radicais que podem convencer o público da seriedade de Schröder em empreender reformas, dizem os analistas. "Schröder ainda pode convencer a população de que tem fôlego para correr mais", disse o cientista político Wichard Woyke, da Universidade de Münster.
Tradução de Clara Allain
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