São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Informação de candidatura não é oficial e população considera líder palestino o mais confiável para governar

Eleição é marcada e Arafat deve concorrer

DA REDAÇÃO

A Autoridade Nacional Palestina anunciou reformas e também informou que irá realizar eleições presidenciais e legislativas no dia 10 ou 11 de janeiro do próximo ano, com provável candidatura de Iasser Arafat à reeleição. O líder palestino é considerado o mais confiável para governar os palestinos, segundo pesquisa realizada com a população palestina.
O anúncio das eleições e das reformas foi feito dois dias após o presidente dos EUA, George W. Bush, pedir uma "nova e diferente liderança palestina, que não apóie o terrorismo".
Dois integrantes do alto escalão da ANP divergiram sobre a possibilidade de Arafat concorrer à reeleição. O ministro do Planejamento palestino, Nabil Shaath, afirmou que é certa a candidatura.
Horas depois, o ministro da Informação palestino, Iasser Abed Rabbuh, disse ser prematuro fazer uma declaração nesse sentido. Segundo ele, antes de se discutirem as candidaturas, é preciso encerrar a reocupação israelense de cidades palestinas.
Arafat foi eleito em 1996, mas seu mandato já terminou e não foram convocadas novas eleições devido, segundo a ANP, à eclosão da Intifada (levante palestino contra a ocupação israelense), iniciada em setembro de 2000.
Para 47,5% dos palestinos, Arafat seria reeleito pela via democrática, segundo o instituto de pesquisas palestino Jerusalem Media and Communications Center. Outros 37,8% disseram o contrário e o restante não respondeu. O levantamento foi feito antes do discurso de Bush, quando já se discutia a possibilidade de convocação de eleições nos territórios palestinos.
Em outra pergunta, Arafat foi considerado o palestino mais confiável para governar os territórios para 25,1%, número próximo dos que não confiam em ninguém -24,5%. O xeque Ahmed Yassin, líder espiritual do Hamas, ficou em segundo lugar, com 8,8%.
Para os EUA, Arafat deveria deixar o poder. Mas, se ele for escolhido pela população palestina para continuar no poder, os norte-americanos "irão lidar com a situação", segundo declaração do secretário de Estado Colin Powell.
Em reunião do G-8 (grupo dos países mais desenvolvidos) no Canadá, Bush disse que não emprestará dinheiro para "um governo [palestino" corrupto.
Os grupos extremistas islâmicos Hamas e Jihad Islâmico anunciaram que somente participarão das eleições se a ANP renunciar aos acordos de Oslo, que prevêem as negociações de paz com Israel.
No ano que vem também deve haver eleições municipais.
O pleito municipal está previsto para acontecer em março, segundo Saeb Erekat, principal negociador palestino, que também indicou as datas de 10 ou 11 de janeiro para as eleições presidenciais e legislativas.
Erekat disse ainda que os setores financeiro, judiciário e de segurança serão reformados "drasticamente a partir de agora", por meio de uma iniciativa denominada "Plano dos cem dias".
Raanan Gissin, porta-voz do premiê israelense, Ariel Sharon, disse que Israel espera provas concretas de que os ataques terroristas estão sendo combatidos pelos palestinos antes de julgar se as reformas são válidas.
O governo sírio divulgou ontem comunicado criticando duramente o discurso de Bush, afirmando ter sido feito sob uma perspectiva israelense.
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que o discurso de Bush demonstra o apoio dos EUA "à ofensiva israelense contra os palestinos".


Com agências internacionais


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