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Israel ameaça invadir Gaza em retaliação a seqüestro
Premiê Ehud Olmert diz que não negociará com palestinos que capturaram militar
Seqüestradores exigem libertação de mulheres e menores detidos em prisões de Israel; Exército posiciona tropas na divisa com Gaza
DA REDAÇÃO
Israel posicionou soldados e
armamentos na divisa com a
faixa de Gaza e ameaçou empreender uma ação militar caso
terroristas palestinos ligados
ao Hamas e a outras facções armadas não libertassem um soldado israelense de 19 anos que
era mantido seqüestrado até a
noite de ontem. O premiê israelense, Ehud Olmert, afirmou
que não iria negociar com os seqüestradores, que exigiram a
soltura de mulheres e crianças
palestinas detidas em prisões
de Israel.
O ataque ao soldado, em que
também foram mortos outros
dois militares israelenses e três
militantes palestinos, ocorreu
no último domingo, na fronteira do território israelense com
a faixa de Gaza -cujo acesso
por terra e mar foi fechado ontem por Israel. O seqüestro foi
reivindicado por uma facção
armada do Hamas, pelos Comitês de Resistência Popular e
por uma milícia desconhecida
chamada Exército do Islã.
Gilad Shalit, que também
possui nacionalidade francesa,
teve a mão esquerda quebrada
e tinha um ferimento leve no
ombro, segundo mediadores
egípcios citados pelo jornal israelense "The Jerusalem Post".
Os Comitês também anunciaram ontem o seqüestro de
um civil na Cisjordânia, não
confirmado por Israel. A presença desse grupo na região
não é conhecida. Ainda ontem,
três foguetes foram disparados
a partir da faixa de Gaza em direção a Sderot, deixando uma
pessoa ferida e causando queda
de energia na cidade israelense.
O presidente da Autoridade
Nacional Palestina, Mahmoud
Abbas, ordenou às forças de segurança que começassem uma
busca e disse que estava trabalhando com diversas fontes para tentar a libertação do soldado. Já o premiê israelense culpou toda a liderança palestina
pelo incidente, incluindo Abbas, a quem Olmert já classificou uma vez de "fraco".
O primeiro-ministro reafirmou a disposição de Israel de
atacar líderes de grupos armados. "Eu dei ordens aos nossos
comandos militares para preparar o Exército com vista a
uma ampla operação para atacar líderes terroristas e todos
os envolvidos", declarou.
Sob o clima atual, Israel poderia retomar a política de assassinatos seletivos de membros do Hamas, suspensa após
um cessar-fogo em 2005.
Primeiro em 12 anos
A ação em que Shalit foi capturado foi a primeira infiltração bem-sucedida de militantes desde a retirada da faixa de
Gaza, no ano passado, depois de
38 anos de ocupação, e o primeiro seqüestro de um soldado
israelense em 12 anos.
O caso também expôs divisões internas no grupo terrorista Hamas, que possui braços
militares e políticos -esse último detém a maioria no Parlamento palestino. Os líderes baseados na Síria são mais favoráveis a uma linha radical.
Ismail Haniyeh, primeiro-ministro palestino e integrante
do grupo extremista, pediu a
Khaled Meshal, líder do Hamas
exilado na Síria, para que intermediasse a libertação do soldado. O braço armado da organização e os Comitês de Resistência Popular declararam que não
tinham informações a respeito
do paradeiro de Gilad Shalit.
O porta-voz do gabinete do
Hamas, Ghazi Hamad, negou a
existência de divisões internas
e disse que a organização estava
interessada em evitar confronto e derramamento de sangue.
Contatos
A escalada da tensão ocorre
em meio a uma tentativa do
presidente palestino de convencer o Hamas a reconhecer
Israel, cuja destruição é pregada pelo grupo terrorista. Como
forma de pressão, Abbas convocou um plebiscito para o dia
26 de julho sobre o assunto.
Ao mesmo tempo, Israel iniciou uma série de ações para revidar ataques de foguete, mas
acabou matando 14 civis em
ataques distintos, fazendo crescer a animosidade na região.
Tzipi Livni, ministra das Relações Exteriores de Israel, pediu aos EUA e à ONU que pressionassem Mahmoud Abbas a
assegurar o fim do seqüestro do
soldado, descrito por seu pai
como "quieto e prestativo" em
uma entrevista à agência Associated Press. A França também
está trabalhando nas negociações para libertar Shalit.
Na Cidade de Gaza, parentes
dos cerca de 8.000 palestinos
presos em Israel fizeram ontem manifestação para que
Shalit fosse mantido refém até
Israel concordar em soltar os
detidos. Há 95 mulheres e 313
menores de 18 anos entre 9.000
palestinos presos em Israel.
Em nota divulgada ontem
pelo Itamaraty, o governo brasileiro condenou o atentado do
domingo e pediu "a pronta libertação do militar israelense".
Com agências internacionais
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